Na virada da folhinha mensal, há exatos 30 anos, o Coritiba selava de direito, o título de campeão brasileiro, com o gol de Gomes à 0h39 do dia primeiro de agosto de 1985, uma quinta-feira. Porque de direito? Porque de fato, o Coritiba ganhou a “Taça de Ouro” – equivalente ao campeonato brasileiro da série “A” atual – lá em Belo Horizonte, num domingo, 28 de julho.
Explicando, a “Taça de Ouro” não era por pontos corridos. Bangu e Coritiba chegaram à final jogando em grupos diferentes, dentro de um critério de absurda desigualdade. O Bangu se classificou jogando contra Corumbaense, Leônico e outros bichos. O Coritiba, na elite, foi para a final contra o Galo Mineiro, de Reinaldo, Nelinho, Luizinho, Elzo, Paulo Isidoro. Só craques. Um timaço. Por tudo isso, o jogo do “Mineirão”, esse sim, foi moralmente decisivo.
O jogo do Maracanã deveria ser uma espécie de “Recopa” pelo ranking que definiu os grupos. Quase um amistoso. De direito, porém, e é isso o que conta, a decisão oficial foi mesmo contra o Bangu. Apesar do drama nas penalidades máximas, a competência dos executores evitou uma injustiça irreparável, de tirar o sono. A partida começou na noite de 31 de julho e só acabou na madrugada de agosto.
As tevês Globo e Manchete foram as únicas que transmitiram a final de 1985. Eu fui convidado pela direção da Manchete para comentar ao lado de Márcio Guedes e do narrador Paulo Stein. Josias Lacour, que trabalhava comigo na emissora da rede local, foi um dos repórteres. O Maracanã abraçou o Bangu, como o queridinho de todas as torcidas do Rio.
Na cabine da nossa transmissão, estava Adolpho Bloch, fundador e presidente do Grupo Manchete, a quem fui apresentado. Simples. Cordial. Perguntou-me sobre o Coritiba e em especial queria saber quem era Evangelino Neves. Falei rapidamente sobre o carisma e o espírito vencedor que caracterizavam o presidente coxa-branca.
A partida em si e o título do Coritiba é aquilo que todos sabem, ou ficaram sabendo, através do material brilhante produzido pelo André Pugliesi durante os últimos dias aqui na Gazeta do Povo.
O que me chamou a atenção foi a curiosidade de Bloch sobre Neves. Afinal, havia algo em comum entre eles? Bem, faço minhas as palavras deixadas pelo próprio Adolpho Bloch, um dos mais importantes empresários da imprensa e televisão brasileira, e que tinha o hábito de filosofar: “A vida é digna de ser vivida quando se faz algo pela vida em vida”.
A Manchete deixou um marco no jornalismo brasileiro. Escrito e televisivo. Como o histórico índice de audiência da novela Pantanal, por exemplo. Evangelino Neves ficou marcado pelo patrimônio imortal das conquistas, dos títulos. Que está na alma e na consciência dos torcedores. Como o inesquecível ano de 1985, na virada da folhinha de julho.
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