O Pan-Americano de Guadalajara em outubro próximo e os Jogos Olímpicos de Londres, no ano que vem, são importantes para o Brasil, na medida em que se pretende levar o maior contingente de atletas de toda a história. Nessa esteira aumenta também o número de atletas nascidos no Paraná, o que, em princípio, parece significativo, mas o êxodo de talentos locais para outros estados é alarmante.
Lembro de minha primeira olimpíada jornalística pela Gazeta do Povo, em 1992, em Barcelona, cuja missão principal era acompanhar o desempenho dos "bichos do Paraná". Foram nove atletas 5% da delegação brasileira , com destaque para os nadadores Cristiano Michelena e Rogério Romero. Todos aqui radicados.
De lá para cá, até Beijing, em 2008, o número de paranaenses aumentou, mas o potencial caiu, pois a fuga de atletas para outros estados é cada vez maior.
O judô e a natação produziram muitos talentos enquanto havia investimento do Golfinho e do Curitibano. A ginástica e o vôlei criaram seguidores pelo entusiasmo de Oswaldo Magalhães, ex-secretário de Esportes, e da Vicélia Florenzano, então presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, pai e mãe, respectivamente, dos projetos do Rexona e do Cegin. Já o atletismo foi um feto que morreu no útero do Pinheirão, depois de enorme gasto na construção da pista de tartan, hoje deteriorada pelo cruel abandono. E por aí vai.
O investimento do poder público é pífio porque os projetos esportivos não trazem votos para os políticos. O que dá retorno nas urnas são os holofotes que os projetam nas recepções dos atletas que voltam consagrados. Por isso a delegação paranaense que estará em Guadalajara neste ano, e em Londres no ano que vem, concentra, treina e vive longe do Paraná. Irão esses atletas com a certidão de nascimento daqui, mas com o investimento de outros estados. Uma coisa, porém, é sagrada: prováveis êxitos alcançados pelos nossos talentosos guerreiros terão a recompensa solene dos investidores de poltrona, com direito a canapés, luzes e discursos. Lamentável.
Dúvida
Se ontem foi o dia da mentira, hoje reflito sobre a verdade e amanhã fica a dúvida: Paraná ou Atlético? No campo de jogo é imprevisível. Ricardo Pinto, ex-rubro-negro, veio para apagar o incêndio da Vila. Abafou as chamas, mas continuam alguns focos. Precisa de muita água e o reforço de bombeiros experientes.
Por outro lado, Geninho, ex-tricolor da Era Bolicenho, chegou para reparar uma obra embargada e construída com material de segunda. Experiente, reforçou as paredes com vigas de sustentação, e mandou os entulhos para a caçamba.
Kelvin, Dieguinho, Henrique, Paulo Henrique, Léo e Lima, são crianças esperança, que tomaram o lugar dos trapalhões do primeiro turno. Melhorou. Por outro lado, Paulo Baier é o mestre de obras de alguns serventes bem-qualificados. Está melhorando. Será um bom jogo?