Edson Arantes do Nascimento, por algumas posições tomadas ao longo do tempo, está longe do gênio Pelé. São duas pessoas num só corpo. Um (Edson) fala do outro (Pelé) na terceira pessoa do singular. Não é por arrogância. Pelo contrário, é falta de arrogância. Os “dois” são simples, modestos e humildes.
A vinda “deles” pra cá essa semana, no entanto, uniu alma e corpo de “ambos” com sabedoria, criticando a proposta do Governo Temer, que propõe acabar com a obrigatoriedade das aulas de Educação Física no ensino médio.
Os Jogos Olímpicos do Rio custaram R$ 40 bilhões. Foi um sucesso. O legado maior para o país seria despertar o interesse de jovens e crianças, à prática esportiva.
A MP que está sendo discutida no Congresso vai à contramão do principal investimento feito para que a Rio-2016 se materializasse. Pelé, ou Edson, na qualidade de maior atleta do século, formado em Educação Física, é a voz mais respeitada para o break point, para quebrar este serviço infeliz do governo.
Quando entrei para a Faculdade de Educação Física, pensava praticar todos os esportes para aprofundar meus conhecimentos no jornalismo esportivo. Descobri que ia muito além. Na Federal (UFPR), onde me formei, muitas cadeiras eram ligadas às áreas de Ciências, Biologia e da Saúde – fisiologia e anatomia estudavam-se com o pessoal de medicina.
Profissionais bem sucedidos em outras áreas formaram-se em Educação Física. O Desembargador Antonio Loyola, o advogado Ogier Bucchi, médicos, engenheiros, empresários, jornalistas, e ótimos profissionais do futebol, como Carlinhos Neves, Riva, Rodolfo Mehl, Levir Culpi.
O lançamento de o “Programa Esportivo Lúdico Escolar”, do qual Pelé é o idealizador – ele que foi Ministro do Esporte – tem o objetivo social, a promoção do rendimento escolar e a universalização e desenvolvimento da prática esportiva no país para crianças em idade escolar.
O Dr. Cooper, com sua medicina preventiva (que é a educação física) encorajou as pessoas a correr por todos os cantos do planeta. Hoje virou modismo. Correr no Parque Barigui, exemplo, passou a ser encontro social. O que não deixa de ser interessante.
No Canadá a educação física atua como saúde mental. O esporte tem impacto na sociedade. Em Cuba, no Japão, nos países nórdicos, em toda a Europa não é diferente. Nos EUA, o esporte pode ser a porta de entrada para uma universidade. Michele Obama criou campanha para estimular crianças a se mexerem. A ginasta Simone Biles, é bom lembrar, ganhou bolsa integral para estudar na Universidade da Califórnia. O resultado se vê no quadro de medalhas da Olimpíada do Rio. Só ela ganhou cinco.
A prevenção a doenças é simples, fácil, de baixo custo. Basta um professor que incentive a atividade física.
Pelé, com o seu “Programa Esportivo”, lançado aqui em Curitiba, fez outra jogada espetacular. Como aquele toque sutil para o gol contra a Inglaterra na Copa do 1970. Só que Jairzinho, neste caso, não é o camisa 7. O extrema-direita é Michel Temer. Um “ponta” meia boca.
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