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O clima de setembro tem sido agradável, e quando pulo da cama para tomar aquele banho frio, rápido, energético, a primeira coisa que penso é não desperdiçar o tempo. Acontece que há momentos na vida em que se deve fazer o que for possível, sem arrependimentos. A primeira coisa tem sido simples: não deixo correr a água da torneira enquanto escovo os dentes. É um reparo que faço depois de tanto desperdício causado. Paciência...

Cumprido o dever mínimo de consciência ecológica, saio então para a batalha diária, procurando driblar a mediocridade (mediocridade é uma coisa que me arrepia!), e ambicionando algo que não seja a inércia e o recuo. Dentro desse processo, quando chega o dia de hoje (ontem) sexta-feira, ali pelo horário de A voz do Brasil, busco um tema para a coluna. Hoje a água da torneira matinal me fez refletir sobre o desperdício e a ambição. Mais precisamente no vôlei e no futebol. Ou Nuzman e Marín.

Nuzman, sabemos, não carrega nenhum dote franciscano. No entanto, a capacidade técnica do presidente do COB na condução alguns esportes é admirável. Marín, que gerencia apenas o futebol, é um desastre. O vôlei brasileiro em 30 anos – começou com a geração de prata dos Jogos de Los Angeles – ganhou e continua ganhando tudo, nas quadras e na areia, no masculino e no feminino. E a razão é simples: investimento no marketing e formação de base. O futebol também ganhou vários títulos neste mesmo período – inclusive dois Mundiais –, mas encontra-se em metástase na sua organização.

Aí vem outro aspecto: a garimpagem. No vôlei, a captação de atletas restringe-se a um biótipo específico e a canchas cobertas, derrubando assim a quantidade. No futebol, onde altura não é documento, a extração do material humano é muito ampla. No vôlei, porém, a lapidação é mais qualificada. O eldorado do futebol, nossa "Serra Pelada" das décadas de 50 e 60, produziu o maior garimpo a céu aberto do mundo, mas a desordem e a ganância acabaram com a corrida pelo ouro.

Confesso que gostaria de ver o futebol brasileiro com a criatividade e a obstinação do nosso vôlei. Com projetos e profissionais sérios. Não queria, para o banco da seleção brasileira de futebol, Bernardinho e Zé Roberto. Não. Um só deles bastaria.

O vôlei brasileiro é o maior exemplo de competência e seriedade que se possa dar para o futebol. "Serra Pelada" é hoje apenas um lago profundo, mas estima-se que ainda existam centenas de toneladas de metais preciosos a serem explorados. Sem desperdício e com ambição compartilhada... Quem sabe! Quem sabe!

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