Hoje o Brasil decide o Mun­­dial Sub-20 contra Por­­tugal. Além do título – seria o quinto na categoria –, torço pelo técnico Ney Fran­­co. Sempre comunguei com as ideias arriscadas e até surpreendentes que ele fazia quando estava no Coritiba. É um treinador ousado, mas não se mete a "Professor Pardal". Substitui lateral por atacante, bota zagueiro para cobrir, arruma setores com mexidas corajosas e responsáveis. Tem olho clínico.

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O time de Portugal é muito forte e não tomou nenhum gol até agora. Há equilíbrio nesta competição, e a decisão pode ser nos pênaltis. Aí me vem uma tirada de Carlos Heitor Cony, que acompanhava ao meu lado a dramática semifinal da Copa da França, contra a Holanda: "Decisão nos pênaltis é roleta russa. Não quero ver", disse o escritor. E lá foi ele para um bar qualquer do estádio de Marselha sem testemunhar a bola brasileira explodir o miolo da Laranja Mecânica.

Bem, seja qual for o resultado, o técnico olímpico deveria ser ele, com Carlinhos Neves na parte física. Entendo que este grupo que está na Colômbia se afina melhor com o "uái" do que com o "báh" de Mano Menezes. Este mineiro teve banda de música, canta, toca e descontrai, sem perder o respeito. Isso é importante para uma faixa etária onde o fator psicológico afeta muito.

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Lembro que as últimas seleções olímpicas foram dirigidas por Dunga, Luxemburgo e Zagallo, técnicos na época do time principal. Regime muito profissional, hotéis de luxo e sem aquele espírito de concentrar na Vila Olímpica, misturando-se com milhares de atletas de modalidades e países distintos. Isso faz a diferença. É o único título que falta ao futebol brasileiro. Não me parece justo um técnico lapidar um grupo para o outro sair na foto. Ou será outro sonho?

Engana-me que eu gosto

Ronaldinho Gaúcho é, no mo­­men­­to, o melhor jogador em ação no futebol brasileiro. Certo? Certo. Isso significa que ele é referência para a seleção. Certo? Errado. O craque – e que craque Ronaldinho é! – passou dos 30. Há três anos, Ricardo Teixeira convocou o jogador para ganhar o ouro olímpico de Pequim. O Brasil tomou de 3x0 da Argentina. Terminado o jogo, ainda no campo, o capitão e referência do time troca camisas com seu amigo Messi. Sorri. Sai abraçado com o argentino.

2006: Copa da Alemanha, a França elimina o Brasil. Ronal­­di­­nho, que havia sido eleito o melhor do mundo, volta para Barcelona e no dia seguinte é flagrado em ambiente de luz negra e gelo seco, comemorando (?) com amigos espanhóis...

Que referência é ele para o Brasil ganhar o ouro em Londres e/ou o hexa aqui? Bem diferente daquilo que deve acontecer no jogo caça-níquel contra Gana, onde o talento imenso do jogador pode prorrogar a vida de Mano na seleção.

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