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Não é justo, embora verdadeiro, enfatizar a máxima do marqueteiro nazista Goebbels: "diga dez vezes uma mentira que ela se torna uma verdade". Justo seria (e é), sublinhar em negrito e itálico, que a "voz do povo é a voz de Deus". Prefiro assim. Por todos os cantos do mundo, até mesmo no Brasil, a alegria e o carinho do povo para expressar a terra amada idolatrada brota ao som de "Aquarela do Brasil", do mestre Ari.

Duas horas da tarde, domingo ensolarado, deixo o hotel da Dauchauer Strasse, no centro de Munique, para pegar o ônibus de imprensa que nos leva ao estádio para o jogo do Brasil. Durante o pequeno trajeto que faço a pé – hotel/ônibus, ouço o som não muito afinado de um italiano, assobiando "Aquarela...". Depois um inglês, mais um, outro, um alemão, já é quase uma orquestra. Tudo, claro, em meio a um desfile de cores, confundido às vezes com a torcida australiana. Um motor-home com mensagens de Itaperuna (RJ) escancara seus alto- falantes, e a voz é de Gal Costa, cantando... "Aquarela do Brasil". É o hino nacional da nossa MPB. Poderia ser "Desafinado", "Gente Humilde", ou qualquer outra do vasto repertório brasileiro, mas Aquarela é Aquarela. Nenhum estrangeiro sabe a letra ou a mensagem, mas o ouvido capta o som agradável e o assobio transmite a alegria pela música e pelo futebol do Brasil. Música e futebol são as línguas universais, onde todos se entendem e se toleram.

Há perguntas cujas respostas estão na ponta da língua, não importa se você concorde ou não. É uma constatação que diferencia das "dez mentiras"de Goebbles. Se você pergunta "museu", a resposta é "Louvre". Uísque; escocês. Argentina; tango. Poder; Onassis. Guitarra; Jimmy Hendrix. Humildade; São Francisco. Música brasileira; "Aquarela do Brasil", e por aí vai. Ah, futebol; Brasil, lógico.

Bem, agora basta! Isso significa dizer que se futebol é Brasil, somos os melhores, e se somos os melhores já ganhamos a Copa, certo? Errado. Volto a dizer que a Copa não é justa, pois ela se resume a quatro jogos (fase das eliminatórias simples), em que quem pensa ser campeão precisa ganhar todas. É uma competição tiro curto, e o empate nunca é o melhor negócio.

Ganhamos da Austrália, que anos atrás se conhecia como um país de cangurus e coalas. Assim como diziam que os africanos usavam crânios humanos como bolas e que os asiáticos eram baixinhos e só sabiam correr como uns loucos. Pois a França empatou com os "loucos da Coréia", e a Itália não passou pelos "chutadores de crânios". A coisa mudou muito, mas o que não pode mudar é a alegria da nossa seleção, a "Aquarela" que vem das ruas da Alemanha, que deve entrar nos vestiários deste Brasil brasileiro, com muito samba e pandeiro, e que está precisando encantar em campo.

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