A década de 60 foi incrível. Vivenciei muita coisa aqui, no Rio, São Paulo e Londres. Festivais da Record, Copa da Inglaterra, Go­­dard, protestos, Garrincha e Pelé, Santos e Botafogo, Jofre, Hair, Plinio Marcos, Hendrix, Pasquim...

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Em Curitiba, lembro-me que alugava projetores Super-8 para assistir com alguns amigos, em ambiente privê, filmes nórdicos. Era o boom animado, depois do hedonismo imaginário de Zéfiro e suas revistinhas de sacanagem.

Nesta época conheci José Augusto Iwersen – cadê você, Zé Augusto? –, que mais tarde viria a arrendar o Cine Riviera, uma pequena sala de projeção instalada no Colégio Santa Maria. Talvez tenha assistido ali aos filmes que mais me marcaram. Claro, sempre ajudado por um contexto daqueles anos rebeldes.

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Entre tantas obras-primas, lembro-me de um clássico do cinema tcheco, intitulado Um Dia, Um Gato. Era uma fábula de um gato mágico, cujos olhos davam às pessoas ao redor cores diferentes de acordo com suas personalidades, caráter e sentimentos.

O fato assustava os adultos do lugar, que viam no bichano uma ameaça. Mas, ao mesmo tempo, atraía todas as crianças do vilarejo. É uma visão da hipocrisia das pessoas. Lembro que os mentirosos ficavam roxos, os traidores amarelos, os ladrões cinza e por aí vai. O gato começa a ser perseguido. Ninguém quer ficar cinza, amarelo ou roxo na frente da cidade inteira.

Simples e acessível, Um Dia, Um Gato é apenas uma fábula cinematográfica, mas foi um filme de rara beleza. Era emocionante ver as máscaras das pessoas caírem, quando contempladas pelo gato.

Juro que ficaria feliz se esse gato da fábula fosse verdadeiro, e que chegasse por aqui. E que fitasse, olho no olho, aqueles que boicotam às escondidas. Ou que mirasse na retina dos cínicos que se expõe.

Qual a tonalidade que sobressairia? Imaginou se esse gato chegasse à CBF? Com todo o respeito, e não vai aqui nenhuma alusão xenófoba à bandeira gay, acho que o cacique da tribo estaria reluzindo como um arco-íris aos olhos do felino. Ou alguém tem dúvidas?

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Autoestima

Passaram pelo Atlético vários treinadores. Nenhum deles conseguiu resgatar a autoestima de Manoel e Kleberson. Renato Gaúcho não só deu alegria a eles, como segurança a Renan Rocha e personalidade a Cléber Santana. Hoje o Atlético tem posicionamento definido em campo. Acordaram, diretoria e atletas, ao trocar o incentivo por metas, pelo "bicho molhado"(após vitória ou empate). Houve, enfim, uma melhoria. Nada maravilhoso, porém sustentável. E o mais importante é que o time está numa curva ascendente, enquanto outros podem descer a rampa. Acho importante recuperar Paulo Baier e Guerrón. O campeonato é longo, e o Corinthians amanhã será outro grande teste.

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