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 | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

A Copa do Mundo entra nas salas de aula do Paraná esta semana. O livro O Contexto do futebol no mundo: do senso comum à prática pedagógica cruza o Mundial e o futebol com as diferentes disciplinas da grade currícular, da Geografia à Química, da Matemática ao Ensino Religioso. A obra reúne artigos de 61 professores e toca em temas espinhosos, como as vantagens legais recebidas pela Fifa e gastos públicos com Copa, porém sem entrar em bola dividida. "É uma obra neutra", diz a professora Lilian Messias Sampaio Brito (foto), uma das coordenadoras do projeto. Neutralidade que ela deixa de lado ao falar da missão que a impedirá de assistir do estádio a algum jogo da Copa: o combate à violência sexual.

Como surgiu a ideia do livro?

De uma conversa entre os secretários da Copa e de Educação com o objetivo de deixar um legado, de trabalhar a Copa dentro das escolas. Como a educação poderia contribuir com a Copa aqui no Brasil.

Qual a sua reação quando foi chamada a participar do projeto?

No começo foi um pouco difícil entender como poderíamos contribuir. Se faríamos para os alunos ou para os professores. Decidimos fazer voltado para os professores, um material que servisse como referência em sala de aula. O professor pode fazer uso para debater outros temas relacionados à Copa e grandes eventos.

Qual a relação entre Copa e disciplina mais difícil de estabelecer?

Não existe disciplina difícil. Ninguém vive dentro de um quadrado. O ensino religioso, por exemplo, tem um artigo maravilhoso sobre os jogadores entrarem no campo e fazerem o sinal da cruz, alguns fazem uma saudação.

Num primeiro momento, parece ser meio difícil relacionar Química com Copa do Mundo.

A Química parece ser difícil para quem olha de fora, mas ela está relacionada à hidratação dos atletas, os elementos que formam a bebida isotônica consumida por eles.

E a Física?

[Consulta o livro para ajudar a memória] Lembrei! Trabalhou com lixo eletrônico. Na época de Copa todo mundo quer trocar de televisão, pegar um aparelho maior. Para onde vão esses materiais?

Qual abordagem mais surpreendeu?

A matemática usou a geome­­tria para a construção da bola. Achei bacana. A Geo­­grafia trabalha aspectos culturais e sociais dos povos. É um livro que traz a curiosidade, você começa a ler e não quer parar. Enxerga um monte de possibilidades.

Dois temas que se tornaram marca da Copa de 2014 são as manifestações e os gastos públicos. Como o livro lida com essas questões?

São temas polêmicos, possíveis de se fazer discussão. Quando aconteceram essas manifestações, o livro já estava em fase de conclusão. Ele não cita exatamente manifestações, aspectos positivos ou negativos. Isso vai ser discutido dentro da sala de aula. O livro é totalmente neutro em relação às discussões. Apenas coloca as possibilidade de conteúdo. Se é positivo ou negativo, vai ser discutido na sala. Não é um livro com opinião formada.

Vai assistir aos jogos da Copa do Mundo?

Pela televisão, sim. Não fui contemplada com ingresso.

Tentou para algum jogo?

Não. Estarei envolvida com uma comissão contra violência, trabalhando com outros aspectos ligados à Copa. É uma comissão com gente de todas as secretarias, órgãos públicos e iniciativa privada. Vamos trabalhar com violências que vêm da Copa. Estaremos trabalhando manhã, tarde e noite.

Quais são essas violências que vêm com a Copa?

A principal é a violência sexual, com a vinda de muitos estrangeiros. Pedofilia é algo que também tem de observar. Temos de estar preparados para lidar com essa situação, que existe e não pode ser mascarada. É uma preocupação da sociedade combater e fazer com que as pessoas denunciem.

O turismo sexual é geralmente mais associado a cidades litorâneas. Em Curitiba também é um problema?

Quando tem um grande evento, é natural a maior circulação de pessoas e não se sabe a origem dessas pessoas. Elas se beneficiam da internet para fazer contatos e cometer a violência sexual. É preciso ficar atento.

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