Eu sei que Atlético e Coritiba têm compromissos pela Copa do Brasil antes do primeiro Atletiba decisivo. Mas, sabe como é – ou melhor, como são os nossos cartolas, sempre dispostos a cometer uma barbeiragem, vide os jogos com torcida única. Pensando nisso, em tempo, lanço sugestões para fazer dos dois clássicos passagens de privação absoluta dos sentidos futebolísticos.

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Tudo parte da divisão das torcidas, tema para físicos nucleares aqui no Paraná. Desta vez, vamos utilizar uma fórmula mais simples: pega a Vila Capanema, o Couto Pereira, e divide a capacidade por dois. Pronto, metade será alviverde, metade rubro-negra.

Alguém poderá argumentar: mas e os sócios dos clubes, como proceder? Veja bem, estamos tratando de Atletibas de exceção, da época em que o ingresso era conquistado na bilheteria, com um diretor amigo ou com aquele rapaz do "faltando eu vendo, sobrando eu compro". Ou seja, quem quiser participar, vai ter de se agilizar.

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Divididas as torcidas, tratemos do importantíssimo quesito alegorias e adereços. Tudo liberado. Faixas, bandeiras (de todos os tipos), bandeirões, papel (picado, em rolo e no formato chocalho), fumaça colorida, cartazes e o que mais for necessário para valorizar o contraste dos clássicos brasileiros.

Os fogos de artifício também são parte fundamental do espetáculo. Para os novatos em Atletiba, num tempo não muito distante – quando os atleticanos ocupavam a curva da Igreja Perpétuo Socorro – era permitido que as duas torcidas soltassem foguetes, devidamente posicionados atrás dos gols. E o acendimento do pavio era questão estratégica. Antes do rival? Depois? Ao mesmo tempo? Vamos reviver essa tensão.

Cenário preparado, uma aposta entre os treinadores finaliza o pacote de revitalização da rivalidade. Se o Furacão ficar com o caneco, Marcelo Oliveira vai se encarregar de servir um trepidante almoço mineiro para Juan Carrasco. Agora, se o Coxa for o campeão, o uruguaio será o responsável por providenciar uma churrascada nababesca.

Infelizmente, não dá para não falar dos nossos dirigentes e seus regulamentos incríveis. Para os dois Atletibas da decisão, o saldo de gols não decide nada. Se um clube vencer por 10 a 0 e o outro triunfar por 1 a 0 o título será conhecido nos pênaltis. Em outras palavras, quem ganhar o confronto inicial já sabe que, no mínimo, vai tentar a sorte na marca da cal no encontro derradeiro.

A desculpa (sempre há uma) da Federação Paranaense de Futebol é de que o esquema foi feito pensando na possibilidade de uma equipe do interior chegar à final (algo que, na fórmula por pontos corridos, é dificílimo). Ou seja, a FPF fez um sistema para beneficiar equipes, em detrimento de outras.

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Em 2011, a conquista direta do Coritiba nos poupou dessa estupidez. Este ano, com os clássicos, teremos o desprazer de admirar todo o seu horror.