Já é senso comum: Atlético, Corinthians e Internacional são três dos principais vilões da Copa do Mundo no Brasil. O trio que, oportunista, se aproveitou do evento e mamou na teta do dinheiro público, aquele que poderia ter ido para saúde, segurança, educação etc. Definitivamente, não se trata de papo de "imbecis ou debiloides" como a diretoria do Furacão taxou em seu site oficial quem critica o "principal evento esportivo do planeta". Em maior ou menor escala, os três clubes foram, sim, beneficiados.
E criticar essa situação é um avanço considerável, não fosse pela hipocrisia descarada de uma parcela dos torcedores. Turma que adora posar de "consciente", "preocupada" com o "social".
Quando o foco se volta para o clube do coração, tudo muda de figura. O torcedor, e até o jornalista, abandona o engajamento black bloc para malhar os rivais e fica manso, entra numa onda de tudo é "circunstancial", entende?
Trazendo a conversa para a rotina do futebol local, levantamento recente da BDO Brazil apontou uma dívida de R$ 69,7 milhões do Coritiba em tributos. Sim, dinheiro público, aquele que salvaria vidas, aplicado na melhoria de hospitais, aparelhamento das polícias ou estruturação de escolas. Mas que o Coxa, por algum motivo, não pagou.
O Paraná, por sua vez, até dias desses devia algo em torno de R$ 21,4 milhões em impostos (INSS e IR). Meu, teu, nosso dinheiro que, não tivesse sido sonegado, certamente socorreria muita gente. Sem contar o rolo do terreno da Vila Capanema que, desde 2012, é patrimônio da União de acordo com a Justiça.
Débitos gigantescos que alviverdes e tricolores juram estar quitando, acertando, financiando ou seja, limpando a barra de maus pagadores (no caso do Rubro-Negro, ainda de acordo com a BDO, é de R$ 6,2 milhões). Compromissos que duram pelo menos até que um novo Refis, Timemania, Proforte ou Fair Play Financeiro ofereça uma mãozinha caridosa.
Enquanto isso, tais casos não causam a menor indignação. Claro, não são nada convenientes dependendo da cor da paixão clubística, este universo um tanto particular no qual até para racismo e violência há "ótimas" explicações.
Outra situação
É possível traçar o mesmo paralelo tratando das mortes de trabalhadores em obras da Copa, outro ponto que causa comoção geral. Até então, nove operários morreram na construção dos estádios, vítimas da desorganização e da correria.
Enquanto isso, fora das obras do Mundial, 1.599 pessoas perderam a vida de 2010, quando os estádios começaram a sair do chão, até hoje. Trata-se de um número "otimista", considerando a estatística do Ministério da Previdência, de que mais de um trabalhador morre por dia no Brasil.
Obviamente, a comparação não pretende considerar "aceitáveis" as mortes nos canteiros da bola. Apenas mostrar que a tragédia daqueles que constroem o país é muito mais grave do que os revoltadinhos antimundial fazem parecer.
Dê sua opiniãoO que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.
Eleição sem Lula ou Bolsonaro deve fortalecer partidos do Centrão em 2026
Saiba quais são as cinco crises internacionais que Lula pode causar na presidência do Brics
Elon Musk está criando uma cidade própria para abrigar seus funcionários no Texas
CEO da moda acusado de tráfico sexual expõe a decadência da elite americana
Deixe sua opinião