A ideia de um Atletiba com só uma torcida no estádio é péssima sob qualquer aspecto que se examine. Não é razoável nem mesmo a justificativa da segurança – a mais invocada pelos defensores da causa. E falando em tradição, da beleza do clássico e do espírito do futebol, a medida é um golpe mortal.

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Tratando da preocupação com a violência – sempre gritante nos encontros entre os dois maiores rivais do Paraná – não há como afirmar que impedir a presença adversária tornará o encontro mais seguro. Simplesmente porque as confusões ocorrem, invariavelmente, distantes das praças esportivas.

A bronca come solta nos bairros, nos terminais de ônibus, onde a fiscalização não consegue alcançar. Nos estádios o controle é praticamente absoluto – e ostensivo até demais. O último confronto, do Brasileiro do ano passado, parecia desfile de 7 de Setembro, diante do aparato de guerra montado pela polícia. Escopeta virou o novo cassetete.

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Dessa maneira, apelar para a segurança não cola. De quebra, ainda prega um atestado de incompetência na testa de todos os envolvidos. Federação Paranaense de Futebol, Atlé­­tico, Coritiba e autoridades admitem que não sabem (e não querem) resolver a questão. A violência venceu e fim de papo.

É fundamental considerar também o aspecto do "espetáculo". Não há clássico sem a festa das duas torcidas nas arquibancadas. Mesmo que o agito dos visitantes tenha se descaracterizado nos últimos tempos. Especialmente, por causa da cessão de apenas 10% dos ingressos para os forasteiros.

Infelizmente, tenho convicção que os dirigentes acreditam que bandeiras, faixas, papel picado, fumaça – além dos gritos de guerra, ecoando lá e cá – são acessórios dispensáveis. Aliás, é curioso como os cartolas raramente demonstram algum carinho pelo futebol (você já viu o presidente do seu clube envergando uma camisa de jogo?).

Este é, justamente, um quesito em que o Atletiba é especial. Considero os clássicos em que não há coincidência de cores os mais bonitos – casos de Grêmio e Internacional, Atlético-MG e Cruzeiro, Boca Juniors e River Plate etc. Nenhum deles apresenta tanto contraste quanto o vermelho e o preto de um lado, o verde e o branco do outro.

Porém, como eu já disse, há quem não veja a menor graça nisso tudo. Até entre os torcedores. Foi-se a época da "rivalidade sadia". Atualmente, um ódio doentio alimenta as diferenças. Ao ponto de alguns atleticanos e coxas-brancas acharem excelente a possibilidade de não ter de se encontrar (ou melhor, se aturar) dentro do estádio – mesmo isolados por grades.

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No fim das contas, é impossível descolar da intolerância a invenção do Atletiba com apenas os rubro-negros na Vila Capanema, agora no primeiro turno, e somente os alviverdes no Couto Pereira, no segundo turno. Se realmente prosperar, vai ser o clássico do autoritarismo e do individualismo.