Ainda me impressiono toda vez que lembro dos oito gols do Alex Mineiro nos quatro jogos finais do Brasileiro de 2001. Três confrontos eliminatórios, dois deles só de ida, comprimidos em duas semanas e meia. Uma façanha notável, rara e cada vez menos possível de se repetir no futebol atual.

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Ao mesmo tempo que prolongam a caminhada de um time até o título, os pontos corridos subvertem o conceito de jogo decisivo. Ao mesmo tempo que todos são, pois o peso de cada vitória é idêntico, (quase) nenhum efetivamente é, por dificilmente ter dois times em uma batalha final pelo mesmo objetivo. Assim, mesmo que alguém faça oito gols nos quatro últimos jogos do Brasileiro e leve seu time ao título, não terá o mesmo peso do que fez Alex Mineiro. A não ser que a tabela reserve quatro concorrentes diretos para o sprint.

Dou essa volta toda para chegar ao seguinte ponto: Éderson é o atleticano que mais se aproximou da série mágica de Alex Mineiro. Éderson não precisa de 90 minutos para ser decisivo. Quando Mancini lhe dá apenas 15, ele resolve do mesmo jeito. Se passa os 90 em campo, não precisa de um caminhão de oportunidades para fazer gol. E as poucas oportunidades nem precisam ser aquelas claras. Basta uma bola perdida, mais para o zagueiro, como no primeiro gol diante do Palmeiras.

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Gustavo Kuerten certa vez descreveu um estado sublime que ele atingia em várias partidas do auge da sua carreira, entre 2000 e 2001. Ele entrava em outra dimensão, o ponto de equilíbrio exato entre concentração e relaxamento. A partir desse ponto, seus movimentos em quadra eram naturalmente perfeitos.

Alex Mineiro atingiu esse estágio naqueles quatro jogos de 2001. Atualmente, Éderson vive nessa dimensão. Basta ver a sua feição: serena para quem acompanha de fora; perturbadora como o sorriso de Jack Nicholson, em "O Iluminado", para os adversários.

Um novo 7

O Coritiba começa a pôr as coisas no lugar com o retorno de Alex. É a referência técnica e psicológica de um time que queimou toda a gordura armazenada enquanto teve seu camisa 10 em campo. Depois de Alex voltarão Robinho e Deivid, outros dois pontos de equilíbrio do time e desequilíbrio dos jogos do Coxa.

O trio terá um novo companheiro, cuja entrada passou despercebida em meio ao caos das últimas partidas. Vitor Júnior foi cérebro e pulmão de um Coritiba que corria sem saber para onde contra o Vitória. É o substituto de Rafinha. Não no coração da torcida, onde o antigo camisa 7 garantiu lugar especial com títulos e dedicação. Mas é o substituto dentro de campo. Tão veloz quanto, mas com uma capacidade maior de pensar o jogo. O Coxa, que com Alex, Deivid e Robinho gasta a bola de tanto passá-la de pé em pé, volta a ter uma flecha afiada para furar as defesas inimigas.

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