Lembro da frase, mas não do seu autor, por isso conto o milagre sem entregar o santo. O momento sublime de um treinador é aquele em que os dois times estão posicionados para o início da partida. É o único momento em que o seu time e o adversário estão colocados em campo exatamente da forma idealizada, como em uma mesa de botão ou na tela do tablete. Com o apito do árbitro começam o jogo e a movimentação que, a todo momento, ameaça transformar a tática exaustivamente ensaiada e explicada em teoria que não vira prática.
Arthur Bernardes tem uma prancheta reluzente para olhar, a do clássico de 21 de abril. Tudo funcionou perfeitamente no Atlético daquela tarde, então a tentação é simplesmente repetir o modelo. Na defesa isso já será impossível. Sem Héracles, ou aposta-se em Anderson Tasca, pouco usado na temporada, ou parte para a dupla improvisação Léo na esquerda e Renato na direita.
O quebra-cabeça maior está no meio de campo. Renan Foguinho e Elivélton foram perfeitos na marcação a Alex, então por que mudar? No Boqueirão Douglas Coutinho estava suspenso. Agora, não. E é impensável deixar o craque do time no banco na decisão.
Para manter a dupla cascuda na marcação, será necessário escolher um entre Zezinho, Hernani, Coutinho, Edigar Júnio e Crislan para ficar no banco. A lógica indica que Edigar seja sacado. Mas não dá para descartar a saída de um dos volantes, com Zezinho ficando no meio da linha de quatro e Hernani e Douglas Coutinho sendo os meias extremos. Uma formação mais ofensiva para um time que precisa vencer ao menos um jogo para ser campeão.
Do lado de Marquinhos Santos, o principal dilema está no meio de campo. A experiência com três volantes contra Londrina e Sousa deu ao time a arma do contra-ataque. Artifício bem usado, foram quatro gols dessa forma. Com o trio Willian, Sérgio Manoel e Gil, é possível bloquear os meias extremos do Atlético e deixar Willian solto para uma eventual marcação a Zezinho (caso ele jogue por dentro), para juntar-se aos zagueiros ou cobrir os laterais.
A dúvida de última hora é a contusão de Victor Ferraz. A opção mais provável é uma falsa linha de três zagueiros, que só existirá quando o Coritiba estiver com a bola. Sem ela, Leandro Almeida vira lateral-direito, com Pereira e Escudero ou Chico por dentro, mais Patric fechando pelo lateral-esquerdo.
Alternativas que povoam a cabeça dos treinadores nas horas anteriores ao clássico. E que só estarão plenamente postas em campo a instantes do apito inicial. Naquele momento capaz de deixar úmidos os olhos do técnico perante da reprodução perfeita do seu pensamento.
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