Paulo Roberto Falcão disse há muito tempo que o jogador de futebol morre duas vezes primeiro quando para, depois quando a vida chega ao fim. Considerando que muitos de nós passam a vida inteira temendo o destino inevitável, dá para imaginar o quão doloroso é escolher o momento da "primeira morte".
Mesmo quando ela parece iminente, há a perspectiva de que é possível driblar o tempo, mesmo que o corpo diga insistentemente não. Andre Agassi um monstro do tênis, não do futebol passou o último torneio da sua carreira, em 2006, tomando injeções nas costas e avançando madrugadas em hospital após cada partida. Marcos, goleiro do Palmeiras, vai parar este ano porque não aguenta mais o esforço que faz seus joelhos penarem até ao subir uma escada. A esse sacrifício físico, somam-se a pressão, a perda do contato familiar, as sujeiras de um meio onde rola muito dinheiro. Na mão oposta, a fama, o dinheiro, o prazer de fazer o que se gosta. Tudo misturado com uma intensidade superior ao que o cérebro e o coração conseguem processar.
Então chego a dois personagens da dupla Atletiba, Paulo Baier e Tcheco. Para Paulo Baier, a primeira morte parece ter chegado ainda "em vida". As atuações do maestro em 2011 estão entre as piores da sua carreira. Baier passou a ser indiferente. Ou quando faz a diferença é para pior. Há uma sensação de alívio em sua ausência por contusão. Claramente, Paulo Baier passou do ponto. Foi além do que o corpo e a cabeça lhe permitiam ser útil.
Tcheco está em momento de redescoberta. Impressionante como uma década depois de sua primeira chegada ao Alto da Glória ele conseguiu novamente fazer o time do Coritiba jogar não em função dele, mas a partir dele. Tcheco foi tão benéfico para o Coxa de Bonamigo que quando ele saiu, em setembro de 2003, o time manteve o mesmo nível. O ritmo ditado por Tcheco era tão fluente que nem ele era mais necessário.
Hoje Tcheco faz exatamente a mesma coisa pelo time de Marcelo Oliveira. Em um momento que o Coritiba não tinha mais para onde crescer, Tcheco indicou um novo caminho. Trouxe Léo Gago novamente à superfície, virou o arco perfeito para Marcos Aurélio e Rafinha, é o cara que sabe encontrar Pereira e Emerson na área em um escanteio ou falta lateral.
Mesmo quando é substituído lá pelos 20 do segundo tempo, porque o físico não permite ir mais longe, Tcheco é capaz de deixar o time funcionando até o fim do jogo. Me preocupou ler, há algumas semanas, que Tcheco estudava esticar a carreira por mais um ano. Risco desnecessário de começar a perder a briga para o corpo, ou passar a fazer diferença no mau sentido. Inteligente com a bola no pé, nas palavras e na condução de sua carreira, Tcheco precisa ter a cruel frieza de escolher a hora certa para sua "primeira morte". Deixará um time arrumado, como só ele sabe fazer. e uma belíssima história com a camisa alviverde.
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