Dos inúmeros erros ad­­ministrativos cometidos no Paraná ao longo dos últimos anos, ne­­nhum foi mais devastador que a entrega de 50% dos direitos federativos das revelações do clube à Base. Nem mesmo o ar­­­gumento de que era a única maneira de o Tricolor receber uma estrutura de grande porte serve como atenuante.

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Na verdade não era. Vender outro terreno do clube e bancar a construção seria menos nocivo a médio prazo do que entregar qualquer atleta formado no Ninho da Gralha. A questão é matemática: você precisa vender dois jogadores para lucrar o equivalente a um. E aqui não vai nenhum julgamento à postura da Base, mas apenas à diretoria paranista.

Há uma intenção do Paraná de rever essa situação. Por enquanto, vai pouco além da intenção mesmo. O presidente Aramis Tissot teve um breve contato com Renê Bernardi, dono da Base. Falou do desejo de comprar a participação da parceira nos jogadores, mas não chegou a fazer uma proposta.

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Como o Paraná não tem di­­nheiro em caixa para um negócio desse porte – e a receita de tevê da Série A está a cada rodada mais distante – , a ideia de Aramis é pagar em jogador. A metade que pertence ao Tricolor de atletas formados pelo clube dentro da parceria com a Base (como Henrique, por exemplo) seria repassada a Bernardi, em troca dos 100% de direitos dos próximos atletas que saírem do Ninho da Gralha.

Ou seja, o Paraná abriria mão de lucrar com alguma negociação a curto prazo para ter autonomia e a chance de negócios melhores a médio prazo. Não é o ideal – perfeito seria desembolsar a quantia e não abrir mão de nenhuma participação em jogador. Mas, diante da já bem conhecida dificuldade financeira do Tricolor, é uma solução viável.

Por enquanto, não é plenamente interessante para Ber­­nardi. O empresário estima em pelo menos R$ 12 milhões o investimento feito no Ninho por ele e pelo antigo sócio, Marlo Litwiski, entre construção e manutenção. E quer pelo menos receber de volta o que gastou. De preferência, em di­­nheiro. Bernardi até admite receber uma participação maior em negociações de garotos que já estão no profissional em troca dos direitos daqueles ainda em formação. Mas não quer um pacote fechado. Teme envolver no acordo atletas que demorem a ser vendidos, desvalorizem ou simplesmente encalhem no mercado. Desatar esse nó é fundamental para sair negócio.

Há uma longa negociação pela frente, que talvez frustre o desejo de Aramis de reaver os garotos das categorias de base ainda neste ano. Mas há uma intenção em conversar. E, principalmente, a intenção de de­­volver ao Paraná o fôlego financeiro entregue junto com as revelações do clube.

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