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Em conversas recentes com coxas-brancas, tenho percebido uma preocupação crescente com a relação de forças entre o Coritiba e o Atlético a partir da inauguração da Arena da Baixada. O medo alviverde é de que o rival dispare. A preocupação tem muito reflexo do desempenho dentro de campo. O time patina no Paranaense, dá pouca perspectiva para o Brasileiro, natural que o torcedor veja tudo com mais pessimismo. Na mão inversa, um título estadual e uma campanha surpreendente no Brasileiro ou Copa do Brasil tendem a fazer esse pessimismo desaparecer. Aí é que mora o perigo.

O desempenho em campo – vitórias e títulos – ainda é a melhor maneira de um clube crescer e ganhar torcida. Porém, cada vez mais, é o trabalho fora das quatro linhas que determina o tamanho dessa chance.

O estádio cria para o Atlético a condição de multiplicar essa chance. Haverá um impacto imediato no número de sócios. Quem foi associado nos dois anos e meio de exílio no Janguito e na Vila não vai deixar o barco logo agora. Quem ficou pelo caminho ou nunca se associou, se sentirá tentado a aderir ao programa pelo burburinho que a nova Arena causará. Se o time ajudar em campo, a coisa toda se potencializa. Com mais gente no estádio, é mais dinheiro circulando pelos cofres do clube. Fora a possibilidade maior de fechar patrocínios e atrair outros tipos de evento. É o ciclo que permite a um clube investir mais em contratações e dá um lastro para corrigir o rumo se algo dá errado. Não ter esse lastro é a realidade atual de Atlético e Coritiba.

Para o Coxa, o horizonte imediato é pouco promissor. O clube tem um CT e um setor de estádio novos em construção. Refresca, mas não resolve o problema. Contar apenas com títulos também é insuficiente. O Atlético-MG apostou alto na conquista da Libertadores. Levou o troféu, mas não obteve o retorno financeiro esperado. Enfiou-se em uma bolha prestes a estourar.

Um novo estádio surge como o melhor (talvez único) caminho para o Coritiba não se limitar a ver o rival de binóculo. Houve a tentativa do Pinheirão, que deu em nada. Erguer uma casa nova no mesmo endereço do Couto Pereira é um desafio de engenharia. Perante olhos leigos, não muito diferente de o Palmeiras fazer um novo Palestra Itália exatamente onde era o novo Palestra Itália, espremido entre um shopping, uma avenida movimentada e a sede social do clube.

A outra opção para o coxa-branca é torcer para a casa nova do rival não virar uma máquina de fazer dinheiro. Um risco caro, diante do tamanho da estrutura padrão Fifa da Arena da Baixada. Mas, acima de tudo, uma maneira mesquinha de manter-se ombro a ombro com o rival, no buraco em que o futebol paranaense passou a maior parte da sua história. É hora de brigar um pouco mais acima.

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