A contratação de Jorginho permite duas interpretações. O Atlético leu apenas a linha mais reluzente do currículo do treinador, que aponta para o acesso folgado com a Portuguesa, e o contratou sem saber ao certo de que forma a promoção foi conseguida. Houve um estudo mínimo da maneira como o técnico gosta de ver seu time atuar e percebeu-se que era ele o único treinador acessível capaz de fazer o elenco rubro-negro jogar como mais se sente à vontade: no ataque.
O atleticano pode ficar tranquilo. Não verá zagueiro de centroavante nem jogadores fazendo voos sem escala do time titular para o limbo, mas deve ter certeza de uma coisa: Jorginho está muito mais para Carrasco do que para os outros treinadores que passaram recentemente pelo clube. Inclusive com alguns experimentalismos que os mais conservadores eu não estou entre eles podem chamar de invenção.
Luís Ricardo, que sempre foi atacante de velocidade, virou lateral-direito nas mãos de Jorginho. Edno, lateral e meia-esquerda por onde passou, inclusive no Atlético, tornou-se centroavante. E mais de uma vez Marco Antônio, armador avançado do Grêmio, cumpriu a função de segundo volante no Canindé. Essas mexidas, sempre buscando o ataque e o gol, fizeram a Portuguesa passear pela Série B de 2011, a ponto de, em tom de brincadeira, virar BarceLusa.
O esquema base de Jorginho é o 4-2-3-1. Sempre com laterais aptos a atacar Gabriel Marques e Heracles não são exatamente isso , apoiados por meias que caem pelo lado e com um atacante fazendo o pivô, além de um armador mais centralizado. Deivid, Zezinho, Ligüera, Paulo Baier e mesmo Fernandão se encaixam nas funções. Mas o Atlético precisa de mais. Jorginho sabe disso e deixou claro quando disse que quem faz time subir é jogador.
Uma força que não se restringe ao gramado. O elenco rubro-verde do ano passado comprou junto com Jorginho a ideia de levar a Portuguesa à Série A. O grupo de 2012, modificado, foi rebaixado no Paulistão, fazendo dirigentes da Lusa falarem abertamente que alguns atletas queriam derrubar o treinador.
A diferença de resultados no mesmo clube não com o mesmo time mostra outra faceta do trabalho de Jorginho. Por mais espetacular que tenha sido o passeio da BarceLusa, 2011 foi o único grande ano de Jorginho no banco de reservas. Suas passagens por Ponte Preta e Goiás foram breves e ruins; e no Palmeiras foi o auxiliar que vira interino, situação em que tudo joga a favor, pois os atletas se mobilizam para dar uma força ao amigo que ganhou a chance de virar chefe. Ou seja, Jorginho não deixa de ser uma aposta. Uma aposta com muita chance de dar certo. Se tiver jogador. O próprio treinador já avisou que não é mágico.
P.S.: Ricardo Drubscky nem sequer assinou contrato. A negociação com Jorginho humilhou profissionalmente o treinador mineiro. A única explicação para ele não pedir demissão é já ter chegado sabendo que em breve outro poderia tomar o seu lugar.
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