Boa parte do público aplaudiu o Operário no segundo e terceiro gols no Couto; também logo após o apito final. Havia uma boa dose de reconhecimento à incontestável superioridade do adversário, melhor de ponta a ponta nos 180 e poucos minutos de final. Mas havia muito de protesto contra o próprio Coritiba.
O torcedor aplaudiu o Operário porque viu nele o que gostaria de ver no seu time. A determinação de quem disputou cada bola como se fosse a última; não a indolência de quem disputa cada bola pensando na próxima. A organização tática de quem soube tirar os espaços do adversário, perceber onde era possível contra-atacar e matar o jogo. Não a zorra de um amontado que, com dez minutos, já fazia ligação direta dos zagueiros para os atacantes.
Os aplausos – irônicos – foram para a soberba que acometeu o Coritiba. O discurso do “Aqui é Coritiba” e do “No Couto quem manda somos nós” sobrepôs-se a um futebol que, no fim das contas, não existiu. Versão verde e branca da “mística da amarelinha” que sabemos bem onde nos enfiou em 8 de julho de 2014.
Aplausos – de reconhecimento – para um Operário que em outubro simplesmente não existia. Começou a montagem do elenco do zero e foi além do que poderia sonhar. E como é comum a times do Interior, precisa começar de novo, pois o calendário só lhes garante vida até o fim do Estadual e seria loucura montar um time de ano inteiro sem ter certeza da Série D.
Aplausos – de crítica – à nova diretoria, que precisou remontar o elenco (sem partir do zero) e com o caixa combalido (embora bem mais recheado que o do adversário), mas ainda assim foi incapaz de montar um time que conseguisse reagir depois de tomar o primeiro gol. E se para o Coritiba o Estadual não é fim, é meio para as principais competições da temporada, ficou claro que o salto de qualidade do Paranaense para o Brasileiro precisará ser maior. Tão maior que é perigoso tropeçar e cair no caminho.
Aplausos – de alerta – para que a diretoria alviverde acorde. Perceba que refugos do Santos, do Flamengo, do Palmeiras e do Madureira de 2013, 2015 ou de qualquer tempo não formam um time capaz de ir além do que lutar para não cair no Brasileiro. E que essa diretoria venha a público bater a real ao seu torcedor.
O Coritiba tem condições de investir em contratações ou ficará vivendo apenas de crédito com o Palmeiras, composições de salário e transações gratuitas? O incremento que já houve de sócios servirá para bancar o quê? Será um ano só de sangrar ou de realizar algo em campo? O tão alardeado pouco dinheiro que ficou no caixa do Coritiba foi injetado apenas no futebol e em saneamento ou esbanjou-se com o que não deveria? Os aplausos, mais do que nunca, foram um pedido de atenção com o Coritiba e sua torcida. De que a renovação prometida precisa dar passos reais, além do discurso fácil de campanha.