A saída de Ricardo Teixeira da CBF e do COL lembrou as reinações de uma criança de 6 anos. Quando todos diziam que renunciaria, ele ficou. Quando o rumor da saída esfriou, ele pediu licença. E quando ninguém imaginava nada além da licença, ele renunciou. Uma tola e tosca demonstração de poder de um rei decadente que já estava completamente nu.
O sucessor, José Maria Marín, avisou logo na chegada que não está ali para implantar projeto novo, mas sim para dar continuidade ao projeto de Teixeira. Como se este subtítulo fosse necessário.
Na CBF o jeito será mesmo esperar até o fim de 2014 e rezar para que até lá o futebol brasileiro não chegue ao caos administrativo. Mas no Comitê Organizador da Copa não há por que engolir Marín. O governo federal, como financiador do Mundial, tem o direito e o dever de varrer o Zé das Medalhas do topo do organograma.
Ronaldo surge como o nome mais lógico, o que seria outra chance de redenção na vida do Fenômeno, após ele sujar seu nome de lama ao associar-se ao Comitê de Teixeira. Ronaldo tem uma imagem positiva o suficiente para passar confiança à Fifa e ao público no geral, além de conhecer bem os meandros do futebol. Não seria o chefe supremo como foram Platini e Beckenbauer nas Copas de 1998 e 2006, respectivamente, mas daria à organização da Copa no Brasil uma credibilidade que não existiu em momento algum. Isso, claro, se ele abrir mão de sua vida empresarial, diretamente ligada ao futebol.
Se Ronaldo é a alternativa natural para o COL, Romário parece ser o nome sob medida para a CBF. O Baixinho levou para o Congresso as críticas a Ricardo Teixeira, deu voz aos questionamentos sobre a organização da Copa do Mundo de 2014. Falta experiência? Podem apostar: melhor assim. Basta olhar para Pelé, hoje uma figura tão política e empresarial que periga arranhar sua extraordinária história nos gramados, e para Zico, um fracasso em todas as suas experiências gerenciais, vide Ministério dos Esportes, CFZ e Flamengo.
Nas federações e nos clubes a falta de opções é evidente. Como escrevi na sexta-feira, aqueles que não rezam a cartilha de Teixeira ou beijaram sua mão ou se omitiram. É bem provável que Marín entregue o futebol de clubes aos próprios clubes, o que na teoria é ótimo, mas na prática só tende a aumentar o abismo financeiro. Se a liga realmente for criada, restaria à CBF a gestão das seleções, e aí o cargo fica sob medida para Andrés Sanchez claro, desde que o Brasil vença a Copa do Mundo de 2014.
Essa mescla entre a satisfação por ver Teixeira renunciar e a total incerteza sobre o futuro do futebol brasileiro e da Copa-2014 é o real legado do cartolão. Nada mais propício para quem será eternizado pela frase "Caguei montão".
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