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Como para muitos pensar cansa – especialmente quando convém –, já se encontrou duas frases feitas para reagir à onda de protestos que fez dessa Copa das Confederações a Copa das manifestações. Uma é que todo o protesto popular é bem-vindo, desde que sem violência. A outra é que os protestos estão com cinco anos de atraso.

A primeira é de obviedade tão primária que se alguém disser o contrário em público deveria ser algemado. Mais pela burrice do que pela incitação à violência.

A segunda é filha do oportunismo que se tornou parceira oficial da Copa do Mundo e da Olimpíada no Brasil. Pois lá atrás, ainda em 2007, quando o Brasil ganhou o Mundial da Fifa, não foram poucos os que levantaram a mão e disseram que estava por vir uma farra sem precedentes com o dinheiro público, enquanto outras prioridades ficariam para trás na fila. Uma fila tão interminável e agonizante como a por um leito em hospital ou vaga em creche pública. Fico bastante à vontade para escrever isso, pois repetidas vezes escrevi e falei que não se podia esperar coisa boa de um evento que reúne duas das menos confiáveis classes desse país: cartola e político.

Não faltou quem bradasse o contrário. E tratasse a Copa como vetor de investimentos que mudariam o país, que colocaria o Brasil no primeiro vagão do bonde da história. Um canto da sereia para iludir os ingênuos e alertar os espertos.

Agora, a um ano da Copa, com estádios prontos (ou a caminho disso) e obras de mobilidade imóveis, realmente há quase nada a fazer para redirecionar o dinheiro já gasto ou comprometido. Mas há muito a fazer para que todo esse investimento traga o retorno devido à população. Seja nas obras viárias, seja no uso dos estádios pagos diretamente ou via financiamento com dinheiro público. Seja apurando se esses R$ 28 bilhões foram gastos adequadamente. Caso contrário, há leis bem claras no Brasil para responsabilizar os pais dos bebês de Rosemary e obrigá-los a devolver cada centavo ao erário.

Aqueles que há seis anos estufam o peito e vomitam ladainhas sobre as maravilhas da Copa devem ficar como nos últimos dias, de cabeça baixa e com o rabo entre as pernas, pois a primeira leva do discurso pós-protesto é rasa como as promessas lá de trás. A diferença é que agora isso ficou claro para todo mundo.

Em dia

Conquistar a Copa das Confederações encherá a barriga do brasileiro, mas não é o fundamental. A seleção sai do torneio com um time evoluído, bem melhor do que entrou. E mais, com a expectativa de que daqui um ano, quando voltarem de sua primeira temporada europeia para jogar a Copa do Mundo, Neymar e Paulinho estarão muito melhores do que hoje. O futebol, que era a obra mais atrasada há três semanas, enfim parece ter posto seu cronograma em dia.

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