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O que mais chama a atenção no futebol paranaense neste início de temporada é a ânsia, quase desespero, de algumas revelações dos nossos clubes em se transferir. A frase mais recorrente tem sido "é muito dinheiro para a cabeça do menino". E são meninos mesmo, com espinhas no rosto, barba mal formada. Precisam de alguém capaz de orientar corretamente suas carreiras. E nenhum problema se a melhor opção for mudar de patrão, situação de mercado comum a qualquer profissão.

Pais, dirigentes e empresários deveriam assumir esse papel. Mas na prática parecem ser eles que estão seduzidos pelos milhões envolvidos em negociação. Acabam passando a mão na cabeça do jogador, tratam como natural que ele não se reapresente – abandono de emprego. Vejo muitos empresários virem a público dizer que têm um projeto de carreira para seus jogadores, para que eles cresçam passo a passo. Na prática, não passa de teoria vazia. O único projeto é ganhar dinheiro. O máximo possível, no menor tempo possível.

Acabam deixando de lado questões elementares, como estudar a possibilidade real de eles jogarem. Neto acertou com a Fiorentina, clube que tem o goleiro titular como um de seus maiores ídolos e o reserva imediato com uma Copa no currículo. Rhodolfo negociava sua transferência para o Genoa, dono da defesa menos vazada da Série A italiana – o problema genovês é o ataque, o pior do Calcio. Kelvin faz juras de amor ao Atlético Mineiro, onde será usado primeiro na base, como preparação para subir ao profissional.

É por causa dessa desinformação precipitada pela ânsia em ganhar dinheiro que tantos jogadores trocam de clube a cada seis meses. Quando percebem que a realidade é bem distante da imaginada, entram em depressão, pedem para ser negociados para voltar a ser feliz. Como se não tivessem sido eles os culpados por arruinar essa felicidade.

Roleta-russa

O Campeonato Paranaense começa no fim de semana. Serão pelo menos 22 jogos para cada clube, ao longo de quatro meses de disputa. Partidas demais, tempo demais. Mais curtos, os estaduais matariam a sede dos duelos locais, seriam rentáveis e serviriam como preparação mais eficiente para os torneios nacionais.

Coritiba e Atlético são os mais arrumados. Mantiveram a base do ano passado, trouxeram reforços interessantes e só perdem o título se algo muito fora do normal acontecer. Os demais – Paraná, infelizmente, incluído – são massas disformes, amontados de jogadores trazidos em cima da hora com alguma chance de dar certo. Uma autêntica, contínua e nauseante roleta-russa.

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