Foram sofridos para a cartolagem nacional os seis anos sem Eurico Miranda na presidência do Vasco. Duvida? Basta olhar para a primeira briga comprada por Eurico. Ele disse que não reconhece o Bom Senso, que se trata de um movimento elitista e de que os clubes que fizeram acordo com o coletivo de jogadores erraram, pois com o Vasco não tem acordo.
Eurico tirou da boca de muitos dirigentes palavras que, por conveniência, eles não tiveram coragem de falar. Há uma cobrança, felizmente cada vez maior, por dirigentes com um perfil mais conciliador, abertos ao diálogo com todas as partes envolvidas no espetáculo e adeptos à gestão empresarial e responsável no futebol. Dirigentes modernos, com perfil europeu, a antítese do velho cartolão.
Investidores, uma parcela numerosa da torcida e muitos de nós, jornalistas, não só defendem como impõem este padrão. Isso atraiu algumas boas mentes para o futebol, mas também deu a quem no fundo continua sendo um cartolão à moda antiga a chance de exercer seu lado camaleônico.
Muitos dirigentes se sujeitaram a passar o verniz do gestor moderno por verem benefício nessa atitude. É certeza de elogio em colunas, blogs e mesas redondas. Talvez até renda um convite para entrevista no Juca Kfouri o selo de qualidade de gestão moderna no futebol brasileiro. Obviamente, há um preço a ser pago. O principal é ter de engolir a seco algumas "verdades que precisam ser ditas". Um problema que a volta de Eurico resolve.
Eurico está aí para verbalizar (de novo) os pensamentos mais inconfessáveis dos dirigentes brasileiros. O primeiro é de botar o Bom Senso naquele que, pela visão da cartolagem, é o seu devido lugar. O próximo será dizer que os benefícios que o futebol dá ao Brasil são muito maiores que os impostos devidos afinal, o futebol dá alegria ao povo e gera emprego. Depois que projeto é coisa de feira de ciências. Entre outras barbaridades que, reconheço, minha cabeça é limitada demais para imaginar, mas certamente sairão como música da boca de Eurico, a voz dos cartolas excluídos em um mundo em que, vejam só, cobra-se responsabilidade, visão moderna e bom senso.
Embora seja lamentável, não é surpresa que Eurico Miranda consiga reconquistar a presidência do Vasco e, dois dias depois, esteja na mesa do ministro do Esporte para discutir uma lei de responsabilidade fiscal com status de autoridade. O mundo que dá poder e acesso irrestrito ao Eurico é o mesmo que elege o Congresso mais conversador da história, com Jair Bolsonaro e Marco Feliciano reconduzidos com votação expressiva.
Nenhum deles me representa. Nem Eurico, nem Bolsonaro, nem Feliciano. Mas todos representam uma mentalidade que imaginava-se já ter ficado para trás. No futebol e no dia a dia, são a voz de muitos que perderam a coragem de mostrar quem realmente são. Dê sua opiniãoO que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares
Deixe sua opinião