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Mario Celso Petraglia demitiu dois técnicos em menos de quatro meses em 2015. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Mario Celso Petraglia demitiu dois técnicos em menos de quatro meses em 2015.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Enderson Moreira morreu pela boca. Em todas as entrevistas como técnico do Atlético, pediu reforços. Na última, apontou o dedo para o planejamento feito no começo do ano. Petraglia não gosta que lhe digam o que fazer. Menos ainda que digam que ele fez algo malfeito. Enderson nem mesmo tinha bons resultados para usar como escudo. O futebol contra o Rio Branco foi ridículo. No primeiro tempo, lembrou o Brasil entorpecido pela Alemanha na Copa. Tomou só três porque Rio Branco e Alemanha vivem em galáxias diferentes, praticam esportes diferentes.

Enderson vai embora sem que realmente se resolva o problema do Atlético. Em quatro meses, o clube mexeu no planejamento, reviu a estratégia do Estadual, trocou técnico (dois), trouxe diretor de futebol, desfez sub-23, incorporou sub-23 ao elenco principal, lançou-se no mercado com duas estratégias diferentes. Como nos velhos folhetins de suspense, encontrou vários mordomos para botar a culpa pelos seus crimes sem encontrar o verdadeiro culpado.

ENQUETE: A saída de Enderson Moreira resolve os problemas do Atlético?

A essa altura, o esperto leitor já percebeu que me refiro a Mario Celso Petraglia. O estilo todo-poderoso que MCP implementa há 20 anos quase ininterruptos na Baixada tem seus lados bons. Para ele, de poder se vangloriar do muito de bom que o Atlético fez – estádio, CT, título brasileiro, vice da Libertadores, grandes negociações, ótimas revelações, mudança de status do clube. Para a torcida, de sempre ter um porto seguro quando a tormenta fica mais pesada.

Mas oferece um lado ruim infinitamente maior, que momentos de crise aguda tratam de esfregar na cara de todos. A cobrança, para ser justa, precisa ser direcionada principalmente a Petraglia. Até os quero-queros do CT do Caju sabem que essa roleta russa em que o Atlético se enfiou em 2015 é manejada pelo seu presidente. Dentro do clube, quem está há muito tempo não se arrisca a movimentos mais ousados. Seja pela noção de que tudo precisa da rubrica do “hômi”, seja porque já encontrou uma zona de conforto (cor cinza Kangoo) para se segurar no emprego. Cultura que rapidamente é repassado aos novatos que ainda não se atentaram de onde estão pisando.

Na origem desse cenário está Petraglia. A figura do dirigente tornou-se um peso imenso para o Atlético e os atleticanos carregarem. Como qualquer líder totalitário, Petraglia chegou ao ponto em que sua presença trava a engrenagem. Aí, meu amigo, ou o sujeito se reinventa ou pede o boné.

Os dois movimentos, antes de mais nada, exigem a admissão sincera de que você está sobrando. Difícil visualizar Petraglia – nem que seja em um textão de Facebook – fazendo esse mea-culpa necessário para tirar o Atlético da encruzilhada em que se meteu. Com Walter deixado como oferenda pelo tutor que não está mais aí para mantê-lo na linha.

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