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Aquilino Romani apresentou à imprensa e aos torcedores um mundo paralelo. Um mundo em que as desventuras do Paraná são responsabilidade da herança maldita deixada por outras gestões, do bullying da imprensa e do cruel mercado do futebol.

Há uma herança maldita de anos na Vila, isso é fato. Herança que Aquilino, presente na diretoria desde a gestão de Aurival Correia, ajudou a construir – ou, na pior das hipóteses, não viu crescer debaixo do seu nariz.

Os problemas do Paraná estão expostos na imprensa, como já estiveram os do Coritiba e do Atlé­­tico. Jogar a culpa no noticiário ao invés de assumir a própria incompetência é enganar o torcedor. A médio prazo, é muito mais benéfica para um clube a imprensa que expõe a participação de dirigentes em direitos de jogadores do que aquela que chora na escalação do time. Quer um exemplo? O plano Eternamente Coxa, cujo repasse de 40% da receita para a empresa administradora foi revelada há dois anos, por essa Gazeta, causando profunda irritação na diretoria alviverde da época. Meses depois, o Coritiba cancelou o contrato por admitir que ele lesava o clube.

O pouco dinheiro recebido pelo Paraná é outra triste realidade. Aí, fico com a avaliação do amigo Cristian Toledo [comentarista es­­portivo da Rádio 98 FM]: se eu sofro um baque financeiro em casa, vou chorar por dois dias e depois vou me virar para cobrir o rombo; não vou chorar o resto da vida.

Nesse mundo paralelo – uma verdadeira Matrix tricolor – não surpreende que a subida de Aramis Tissot à presidência seja apresentada como novidade. Claramente não é. Aramis tem uma história belíssima no clube, nos anos 90, onde ficou congelada sua experiência no futebol. A inabilidade para lidar com o futebol atual ficou clara em 2010, pouco provável que ele tenha se atualizado rem tão pouco tempo.

Isso não quer dizer que as mu­­danças não vão dar resultado. Mas, ao menos no mundo real, a reconstrução do Paraná começa com sabor de almoço requentado.

Déja vu

A capa de terça-feira da Gazeta trouxe Vilson Ribeiro de Andrade no Couto, troféu e faixa de campeão na cena, sob o título "O dono da bola". Era o mesmo tí­­tulo de entrevista com Mario Celso Petra­­glia, de 23/12/2001, dia em que o Atlético seria campeão brasileiro.

Bufando, com o jornal debaixo do braço, Ademir Adur entrou no saguão do hotel rubro-negro em São Paulo. O dirigente cobrou rispidamente da assessoria do clube a identificação unânime de Pe­­tra­­glia como o mentor do título iminente, deixando de lado ele, Val­­mor, Marcus Coelho, Samir, entre ou­­tros. Por vaidade, ali começou a se desfazer o núcleo que co­­man­­da­­ra a recuperação do Atlético desde 1995. Quem vive o dia a dia do Co­xa confirma que Vilson é a ca­­be­­ça por trás da atual fase alviverde. Mas é necessário o próprio clu­­be di­­vidir mais os holofotes, sob ris­­co de, na primeira dificuldade, a pe­­ri­go­sa vaidade masculina falar mais alto.

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