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Há um precipitado clima de festa em torno da Medida Provisória que renegocia – com duras contrapartidas – a dívida dos clubes brasileiros. O texto é ótimo e necessário. O problema não é esse. O problema é o caminho ainda longo até que vire lei.

A MP tem o prazo máximo de 120 dias para virar lei, embora até expirar esse período tenha esse caráter. Para deixar de ser provisório, o texto precisará de aprovação no Congresso. Aí está o problema. Na quarta-feira houve uma demonstração clara do estágio atual da relação entre o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados. Mesmo tendo “dito umas verdades que todo brasileiro gostaria de dizer”, um ministro, Cid Gomes, foi, na prática, demitido pelos congressistas – ou, mais exatamente, pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha.

Será por este ambiente hostil que a MP terá sua primeira tramitação. Não vejo risco de ela ser derrubada. A bancada da bola tem interesse em renegociar as dívidas dos clubes. O problema é o texto ser desvirtuado ao ponto de tornar-se irreconhecível para quem prega a decência no futebol brasileiro. Algo que aconteceu com a Lei Zico no governo Collor ou a Lei Pelé no governo FHC. No Senado o risco é menor, diante da bancada dos boleiros encabeçada por Romário e Randolfe Rodrigues.

Por enquanto, os dirigentes têm mais a comemorar do que os jogadores e a opinião pública. O prazo de validade da MP é suficiente para todos aderirem ao plano, conseguirem a atualização da certidão de débito negativo e receber dinheiro retido ou renovar contrato que dependa da CND – Atlético, Coritiba e Paraná, entre muitos e muitos outros, agradecem. Para considerar o pacote algo realmente consolidado, melhor esperar que lei será promulgada. Ver a gestão do futebol brasileiro de fato chegar ao século 21 e o dinheiro sonegado de volta aos cofres públicos, então, melhor esperar sentado e com muita paciência.

O nosso circo

Absolutamente tudo pode acontecer neste sábado na eleição da Federação Paranaense. Uma decisão judicial pode, a qualquer momento, devolver Gomyde à disputa, tirar Hélio, suspender a eleição ou qualquer outra coisa. A assembleia pode ter uma chapa, a outra chapa, as duas ou nenhuma. Pode até acabar em barraco, como a eleição do Jockey Club – duas entidades que, vizinhas por tantos anos, cumprem hora extra no mundo dos vivos. Enquanto isso, só o Atletiba, no PR-15, levou mais gente ao estádio do que o “clássico” Butão x Sri Lanka, nas eliminatórias da Copa de 2018. A média de gols está mais baixa que ação ordinária da Petrobras e as arquibancadas, mais vazias que passeata pró-Dilma. Como resolver isso, claro, ninguém se propõe a discutir seriamente. Melhor seguir o asqueroso jogo político de cooptação de apoiadores, uma das modas desta eleição da FPF, que, isso é certo, não acaba amanhã.

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