Se você não assistiu a Londrina x Coritiba, mas acompanhou o falatório alviverde, ficou com a impressão de que o Coxa jogou um futebol digno de Barcelona, mas foi afanado pelo juiz. Erro duplo.
O juiz errou, sim. Lucas Ramon derrubou Negueba. Pênalti. Na metade do primeiro tempo. Antes disso, o Londrina mandou no jogo e fez o gol. Depois, o Londrina continuou mandando no jogo. Só não fez mais gols, embora tenha metido até bola no travessão. O Coritiba poderia ter empatado o jogo no pênalti e isso mudaria o rumo da partida. Mas, pelo futebol apresentado ao longo dos 90 minutos, mesmo com o pênalti, fatalmente teria perdido. Um retrato bem diferente do desenhado pelo discurso de Wellington Paulista – o que menos jogou e o que mais chorou.
Exatamente por isso, o Coritiba deve se preocupar menos com arbitragem e mais com o seu próprio time. O Londrina tomou apenas seis gols no campeonato. Em apenas uma partida tomou dois gols: no Estádio do Café, contra o Maringá, em um curto intervalo de tempo.
Saiu seis vezes do Café. Jogos em que esteve mais propenso a se defender antes de atacar, exatamente como será domingo, no Couto Pereira. Em metade dessas partidas não foi vazado. Tomou um gol em cada uma das outras três. Ainda assim, ganhou uma, contra o Maringá. Somente contra o próprio Coritiba e o J. Malucelli sofreu a derrota (1 a 0) que, se repetida no fim de semana, levará a decisão para os pênaltis.
O Coritiba tem uma grande arma para conseguir reverter esse retrospecto: o jogo aéreo. A bola que parte do avanço de Norberto e Carlinhos pelos lados do campo. Ou das cobranças de falta e escanteio de João Paulo. A bola que pega Rafhael Lucas e Wellington Paulista bem posicionados. Ou os zagueiros livres. Ou Alan Santos como elemento surpresa. Ou cai no pé alviverde dentro do espaço aberto pela movimentação de Negueba.
A semana inteira se resumirá a Marquinhos Santos tentando zerar o erro dessa arma única – porém variada – e a Cláudio Tencati buscando zerar o erro do seu time na missão de anular essa arma alviverde. E a tentativa do LEC de, em um contra-ataque, tornar impossível a já dura missão do Coritiba.
A arbitragem entra como um adendo a esse cenário. Um erro pode, sim, interferir no ritmo do jogo, embora sempre deva ser visto de maneira relativa. Só mesmo um erro nos momentos finais, aquele que não dá tempo para reação, pode ser diretamente associado ao resultado. Analisar o efeito de qualquer outro leva a discussão para um número infinito de possibilidades. Se o juiz dá o pênalti e o Coxa acerta, poderia arrancar para uma virada heroica ou perder do mesmo jeito. Se perde o pênalti, poderia se afundar de vez e levar uma sacola no Café. Nunca saberemos. O que se sabe apenas é que, para ir à final, o Coritiba terá de jogar muito mais dentro do Couto Pereira.
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