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A política de um clube de futebol nunca dorme. Em ano de eleição essa insônia metafórica torna-se quase patológica. O Coritiba elege presidente em dezembro e seus bastidores estão há meses em ebulição. Até o momento, o roteiro não foge do normal. Todos têm muitas ideias, mas ninguém é oficialmente candidato. Quem está no poder, para não ser acusado de usar o time como palanque. Quem não está, para não virar culpado por qualquer tropeço em campo. Tudo jogo de cena superficial que o futebol adora produzir.

Nos últimos dias, os primeiros presidenciáveis começaram a botar a cabeça acima da linha da água. A surpresa é que para anunciar suas não candidaturas. A de Renato Follador foi bizarra. Um grupo se empolga com seu nome e lança a candidatura sem nem mesmo perceber que o candidato não podia ser candidato, por não ser sócio. Mesmo que esse grupo escolha outro nome, como acreditar que o desleixo no lançamento do presidenciável não será repetido na gestão diária do clube?

Essa lambança certamente contaminou a impressão que tirei dos dez minutos de conversa com Renato na sexta-feira. Pareceu ser aquele dirigente que manda o técnico embora na primeira crise e contrata jogador a peso de ouro para satisfazer a torcida, mesmo que as finanças do clube recomendem o contrário. Uma pena. Só tenho boas referências da atividade profissional de Renato. É muito competente fora do futebol. Não me deu segurança de que seria tão brilhante nele.

Ricardo Guerra provavelmente será, um dia, presidente do Coritiba. Não no próximo triênio, como ele mesmo descartou. De fato, não é hora. Ricardo é outro de quem a carreira empresarial só traz boas referências, o que o cuidado de estudar a situação do clube e esboçar um projeto para ele só reforça. Ainda assim, fico com o pé atrás. Da mesma forma que não confio em goleiros com menos de 23 anos, não acredito em presidentes de clube com menos de 50. Não que aqueles com mais de 50 anos sejam necessariamente uma maravilha. E quem escreve isso tem os mesmos 35 anos que Ricardo Para algumas coisas da vida, só se fica pronto envelhecendo.

A próxima aposta é saber quem será o candidato a se apresentar como herdeiro de Evangelino Neves. O Chinês morreu há seis anos, mas ainda é um dos cabos eleitorais mais vivos do Coritiba. Um estelionato eleitoralV. É impossível saber se Evangelino apoiaria esse ou aquele candidato. Sem falar que o futebol que o Chinês dominou, nos anos 70 e 80, não existe mais. Basta lembrar que a volta dele na década de 1990 foi trágica, a ponto de abrir mão da presidência em prol do trio Malucelli-Mauad-Prosdócimo. Mesmo assim, alguém se apresentará em seu nome. O poder no futebol é uma droga que alucina, vicia e tira o sono de quem o experimenta. Quem está à margem, quer provar dele a qualquer custo. E quem está dentro, não larga por nada.

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