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Não há entrevista do Coritiba em que não se fale do camisa 10 que vem para o Brasileiro. Cada declaração alimenta um aura divina em torno desse jogador, como se ele fosse o salvador da pátria. O messias que vai levar o Coxa à terra prometida do protagonismo em competições nacionais. O sujeito que, pelo simples fato de vestir verde e branco, fará o Coxa sair da condição de ameaçado ao rebaixamento a postulante a uma vaga na Libertadores ou a um título de Copa do Brasil. Muito calma nessa hora.

Não há um salvador da pátria ali na esquina da Amâncio Moro com a Ubaldino do Amaral, só esperando o Bacellar acenar da janela da sala da presidência para fazer o Coritiba mudar de patamar. Também não há esse possível salvador da pátria vagando por aí à espera de clube algum. Camisa 10 clássico, que cadencia o jogo, arma, encosta nos atacantes e aparece na área para beliscar um golzinho, então, dá para contar nos dedos no futebol brasileiro.

O Corinthians, uma aberração, tem dois: Jadson e Danilo. O Internacional tem D’Alessandro. O São Paulo tem Paulo Henrique Ganso, que não joga 5% do caminhão de dinheiro que custou. O Coritiba tinha um até dezembro, Alex. Involuntariamente, o “culpado” por parte dessa ânsia pelo camisa 10.

Alex era craque, ídolo,líder e coxa-branca. É tão difícil substituí-lo, que a camisa 10 até foi pendurada em um cabide no vestiário principal do Couto Pereira. E se houver a ilusão de conseguir alguém que substitua Alex plenamente, vai ficar por lá até juntar traça.

O Coritiba tem de buscar o melhor camisa 10 que estiver à mão – e deixar claro ao torcedor, sem exageros ou fantasias, que é isso o possível para agora. O Coxa tem se virado bem no Estadual sem um 10. Claro, é estadual. Se achar que com essa roupa encara Brasileiro, tá lascado. O 10 deve vir para dar mais uma opção de jogo, não para ser o ponto central do time. Uma peça para decidir alguns jogos, não carregar o time nas costas.

É o que a realidade do mercado permite. A hábil Nadja Mauad (aka sra. Rudnick/ mãe da Isabela) levanta o nome de Thiago Galhardo, meia do Madureira, como um alvo do Coritiba. Não é nome para buscar no aeroporto, mas para dar a Marquinhos Santos uma opção mais confiável quando olhar para o elenco em busca de um jogo diferente.

O Coritiba ainda tem dois jogadores de crédito com o Palmeiras pela negociação de Robinho. Deve queimar no mínimo uma opção de largada para o Brasileiro. Há um “10” disponível no elenco do Palmeiras: Allione. O argentino é mais um enganche desses que seu país produz de baciada. 80% deles são foguetes molhados – estouram e não decolam. Allione está nessa maioria.

Bastam dois exemplos para ficar bem claro que quanto mais comenta sobre o camisa 10, mais o Coritiba assume o risco de prometer ao torcedor algo que não conseguirá entregar.

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