O boicote ao Rubro-Negro nas competições de base por causa do Mosquito é absurdo e abusivo
Há algumas semanas tem circulado na imprensa informações sobre a polêmica envolvendo o jogador Mosquito, 16 anos, do sub-17 do Atlético. O leitor assíduo desta Gazeta já viu, inclusive, uma explicação bem completa do caso. Segue o resumo...
Mosquito foi campeão, artilheiro e craque do Sul-Americano sub-15, no ano passado. Prestes a completar 16 anos, recusou-se a assinar o primeiro contrato profissional com o Vasco, onde jogava. Alegando atrasos na ajuda de custo e outros benefícios, foi embora do clube. Seu empresário (Gustavo Arribas, da HAZ Sports Agency, sócio de Pini Zahavi e ligado a Kia Joorabchian) o colocou no Macaé, clube com o qual a HAZ tem parceria. Meses depois, foi emprestado ao Atlético. O Rubro-Negro foi acusado, então, de desrespeitar um código de conduta firmado entre mais 50 times brasileiros o CAP entre eles ao aceitar um jogador que deixou outra equipe em litígio. E, desde então, há uma pressão para que o Atlético seja excluído de competições de base. Já foi da Avaí Cup e do Brasileiro sub-17. É possível que seja da Copinha.
Todos os clubes brasileiros já foram vítima e vilão em casos de aliciamento de jogador. Repito: todos. Seja diretamente, seja se beneficiando da ação de empresários ou olheiros. Por isso, conceitualmente, por ordem nessa zona é ótimo para o futebol nacional.
O caso Mosquito, porém, tem particularidades que não podem ser ignoradas. Se ele já fosse profissional e o Vasco lhe devesse cinco meses de salário, conseguiria sua liberação na Justiça sem o menor esforço. Na categoria de formação, então, essa falha, que envolve assistência médica e outros benefícios, torna-se mais grave ainda. Por que, então, resguardar os direitos do Vasco se o clube não cumpriu seus deveres básicos? Ao se estabelecer uma cartelização que fecha as portas dos principais clubes do país, protege-se o erro e praticamente obriga-se o jogador a seguir para o exterior.
No caso específico do Atlético, a argumentação é de que outros clubes (o São Paulo, por exemplo) recusaram-se a receber Mosquito. Me desculpem, mas nas circunstâncias desse caso e friso isso porque o aliciamento direto deve, sim, ser combatido duramente , quem se recusou a aceitar o atacante referendou o erro do Vasco. E, inconscientemente ou não, abriu um precedente para que outros clubes possam fazer o mesmo, seguros de que serão apoiados pelos seus pares.
Contra o Atlético, não há indício de aliciamento nesse caso. O boicote ao Rubro-Negro nas competições de base por causa do Mosquito é absurdo e abusivo.
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