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Até domingo, a Copa do Mundo tem sete campeões. Cinco deles ergueram a primeira taça em casa. O Uruguai era, disparado, a melhor seleção de sua época. Italianos e argentinos tinham situações políticas bem favoráveis à conquista. Os ingleses, apito à parte, tinham a melhor geração de sua história. A França, além de melhor, contava com um dos maiores gênios a calçar um par de chuteiras, Zidane.

Brasil e Alemanha foram os únicos a ingressar no grupinho restrito longe do seu quintal. Para isso, serviram-se da maior dose possível do estilo que virou sua marca. Os brasileiros, da arte de Pelé e Garrincha; os alemães, da obstinação de um time que não entrega nem quando o rival é melhor.

Até que chegamos a Espanha ou Holanda, o oitavo passageiro. Não estão em casa – um deles será o primeiro europeu a vencer fora de seu continente. Não há cenário político favorável. Ninguém tem um gênio a seu serviço. Nem mesmo o estilo que notabilizou o futebol dos dois países está impresso nas seleções atuais.

Espanhóis e holandeses contrariam a história, a lógica e sua própria trajetória. La Roja, sempre tão na órbita de Madri, descobriu que poderia vir da "separatista" Catalunha o remédio para tantas decepções em campo. Aprendeu que o caminho até o gol fica mais curto quando a bola é posta no chão, tocada de pé em pé, e não empurrada ao ataque com a fúria de um touro desorientado.

A Holanda viu que um campeão não precisa necessariamente de estrelas, nem em campo, muito menos no banco. Bert Van Marwik é um ilustre desconhecido no cenário internacional (ainda mais para quem já foi treinado por Van Basten, Rijkaard, Van Gaal, Hiddink) e fez da sua discrição a marca do time. Se não tem o melhor elenco, armou uma equipe que está em campo para ganhar, não para cativar admiradores como a Ho­­lan­­da sempre fez. Mesmo Sneijder e Robben põem seu talento a serviço do coletivo. Quando estapeiam a careca na comemoração do gol, mostram que é com a cabeça, não com a boca e a fama que essa Holanda vence.

Duas seleções que sempre ficaram no quase, mas que tiveram humildade de se reinventar para reescrever sua história. Seja qual for o campeão, a Taça Fifa estará em boas mãos pelos próximos quatro anos.

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Leonardo Mendes Júnior é editor-chefe da revista ESPN.

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