Os estaduais caminham para o fim deixando, como de costume, seu rastro de destruição. Time grande ganha quase nada ao erguer mais um troféu doméstico, mas invariavelmente vira de pernas para o ar quando tomba dentro de casa. Basta dar uma olhada para o saldo dos times preferidos da nossa gente no campeonato da nossa terra.
O Atlético tirou o Estadual da geladeira para turbinar a disputa política na Federação. Acabou ficando sem a chave da FPF e ainda arrumou para a cabeça. As derrotas derrubaram Claudinei Oliveira e mandaram o Furacão para o Torneio da Morte. Aos olhos de boa parte da torcida, o elenco virou um amontoado de peladeiros de fim de semana. Um exagero para um grupo que não era uma tragédia – nem a maravilha que a diretoria talvez achasse.
O fracasso retumbante no Estadual transformou a Arena em um barril de pólvora. Petraglia prometeu na privacidade nada privada do WhatsApp gastar os tubos para montar um bom time. E a torcida protagonizou uma cena insana quarta-feira, contra o Remo: torcedores xingando os jogadores que convertiam os pênaltis na tensa disputa com os paraenses.
No Paraná, foi uma derrota no Estadual – para o Atlético – que acendeu o pavio. O barril tricolor explodiu com a renúncia de Rubens Bohlen e é dos escombros que o clube tenta montar um novo elenco para a Série B. Ainda com jogador entrando na Justiça para romper contrato por salário atrasado. Ainda com jogador saindo com pré-contrato assinado. Ainda com o marketing se desmanchando por divergências ou porque sempre tem alguém crescendo o olho para cima do departamento – e depois, podem apostar, vai sair dizendo que não conseguiu implementar suas ideias geniais porque ninguém deixou. Nessa pegada, o Paraná completará dez anos sem um troféu local – não me venham com Série Prata. Ampliando a conta, o time que ergueu seis taças entre 1991 e 1997 tem apenas uma na coleção entre 1998 e 2015.
O Coritiba é o próximo da fila. O Estadual pode acabar domingo. Um risco real considerando que o Tubarão tem a melhor defesa do campeonato. Seria a repetição do desempenho do ano passado, quando o Coxa caiu em casa, na semifinal. A eliminação colocaria em dúvida prematuramente o trabalho de reformulação do elenco e a capacidade dos pratas da casa. Também testaria a frágil unidade do G5 – que já virou G4 e tem sérios problemas de entendimento entre alguns de seus membros.
Se passar pelo Londrina – e ganhar o título –, o Coritiba ainda terá de conviver com o sucesso em um torneio que não prova muita coisa. Não raro o clube tem se deixado entorpecer pelo perfume barato do título estadual. Precisará, ganhando ou perdendo, ter equilíbrio para pôr o resultado do Paranaense no seu devido lugar. Parece fácil? Pois Atlético e Paraná não tiveram.
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