• Carregando...

Uma das frases preferidas dos boleiros é "levantar a cabeça e olhar pra frente". Geralmente é usada para explicar um resultado ruim. Dá ao interlocutor uma frase que o tire do caminho e, no fundo, diz nada com coisa alguma. Levantar a cabeça e olhar pra frente é obrigatório, mas somente um olhar para trás, em busca do que aconteceu de errado, permitirá escrever uma história com final diferente.

O Coritiba não tomou gol sob o comando de Celso Roth. Fazer isso contra Cene-MS e Chapecoense, convenhamos, não é um feito. Sair zerado diante do Santos indica que há algo de bom no trabalho defensivo do treinador. A rea­ção automática é atribuir isso ao congestionamento de volantes à frente da área. Faz sentido, embora essa "volância" excessiva ajude a explicar por que o Coxa não marcou no Brasileiro.

Baraka e Chico são gêmeos futebolísticos. Gil tem um estilo diferente, mas não é solução para que a bola chegue rápida e redonda no ataque. Gil tem um fôlego invejável. Quase sempre é o jogador que mais participa, embora seja raro um gol do Coritiba com o toque dele. Sintomático, não? O Coxa de Roth tem pulmão, pernas e algumas cabeças para escorar uma bola alta. Falta um segundo cérebro para pensar o jogo com Alex.

O Atlético também olhou para trás antes de levantar a cabeça e olhar pra frente no Barradão. Perdia por 2 a 0, foi buscar o empate. A troca de Marcos Guilherme por Douglas Coutinho foi fundamental para a reação imediata, mas também exige uma reflexão. Marcos Guilherme como terceiro atacante, aberto pela esquerda, é um desperdício. Insistir nessa opção matará o maior talento do time rubro-negro. Solto, na ligação entre o tridente de volantes e a dupla ofensiva, Marcos Guilherme será mais eficiente e útil para o Atlético. É preciso detectar essa necessidade antes de olhar para o próximo jogo.

Outro que poderia simplesmente ter levantado a cabeça e olhado pra frente foi Daniel Alves. Diante do enésimo urro de macaco e arremesso de banana por um torcedor, catou a banana no chão, descascou, comeu e bateu escanteio. Disse um não eloquente a essa praga social que tem invadido os gramados com cada vez mais força.

A Europa segue enfiada em uma crise econômica – a Espanha, mais ainda. É o tipo de situação que desencadeia as reações mais agressivas e despropositadas. Para o racista, é inaceitável que ele, no seu país, enfrente dificuldades para sobreviver enquanto um estrangeiro negro, visto por ele como raça inferior, tenha dinheiro e fama. Uma lógica torta, mas crescente, que só irá acabar quando deixarmos de simplesmente levantar a cabeça e olhar pra frente.

Dê sua opiniãoO que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]