A bancada petraglista tentou de todas as maneiras barrar o simples questionamento de diversas situações da gestão atleticana. Primeiro, com a esparrela de que não poderia se discutir ali uma pauta antecipada à imprensa. Como se antes de serem agrupadas sobre 25 corajosas assinaturas aquelas questões não estivessem circulando nas mentes,bocas e redes sociais de milhares de atleticanos.
Depois, com o verniz democrático de uma votação constrangedora e emblemática. Constrangedora porque obrigava aqueles que defendiam a ampliação da pauta a se levantar e ficar bem visível para o presidente do clube. Emblemática porque quem concordava deveria ficar parado, com a imobilidade típica dos simpáticos artiodáctilos que enfeitam nossos presépios natalinos.
Como na democracia não deu certo, então optou-se pela truculência daqueles que se sujeitam a agir como capatazes do poder constituído. Deu-se o motivo para a pretensamente zelosa decisão de parar tudo por “desordem”.
Mesmo sem conseguir as respostas, os 25 atleticanos que subscreveram a “pauta bomba” já podem se orgulhar do que fizeram pelo clube que amam. Saíram da imobilidade que vinha caracterizando o Conselho Deliberativo rubro-negro. Puxaram com eles outros tantos. Há cálculos de que 60% dos 155 presentes foram a favor da inclusão da pauta, o que daria 93 conselheiros interessados em ouvir sobre o rumo do Atlético mais do que o discurso automático dos 20 anos de luta e a fábula da terra prometida.
Estes quase 70 foram tão grandiosos como os outros 25. O respaldo deles anulou o argumento fácil do interesse político dos conselheiros que levantaram as questões. Ficou claro que ali o que se queria era entender e discutir o Atlético. Para quem é maniqueísta ao extremo, por só ver o “nós” contra “eles”, e personalista a ponto de vender a ideia de que o clube só existe por causa dele, que o clube tornou-se ele, é de dar um nó no cérebro.
Os 25 atleticanos impuseram uma agenda da qual Petraglia não poderá escapar. Precisa, sim, responder com clareza, sem os floreios e subterfúgios de costume, onde o Atlético está e como vai levá-lo até o futuro que sempre prometeu, mas cada vez mais gente duvida que tenha a capacidade de entregar. Para isso, terá de abrir temas que sempre manteve sob sua guarda: gestão da Arena, critérios para contratação, investimento do bom dinheiro arrecadado com negócios.
Resta saber se Petraglia vai entender o recado da arquibancada ou continuará seus discursos de muita verborragia e poucas respostas evocando o projeto iniciado em 1995 e se despedindo lembrando a todos que o futuro a Deus pertence. Os atleticanos já decidiram que querem o futuro – e a construção dele – para si.
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