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Impossível saber o que se passou na cabeça de Lincoln antes do lance que quebrou Bottinelli. Por isso, muitas análises erraram feio a mão

Lincoln é um dos jogadores mais bem pagos do Coritiba. Chegou com status de grande contratação do início do ano passado, embora sempre tenha rejeitado esse rótulo. Veio do Avaí, antigo feudo da L.A. Sports, parceira alviverde. Tem uma relação muito próxima com Felipe Ximenes.

Com Vilson Ribeiro de Andrade, conversa sobre investimentos e finanças com desenvoltura notável para quem está diante de um ex-presidente de banco. Dá poucas entrevistas; duas ou três exclusivas, falas eventuais na saída de campo, uma ou outra coletiva. Em poucos momentos jogou no Coxa bola que justifique a expectativa que carrega. Em uma avaliação minimamente lógica, é banco a partir do momento que o elenco atual estiver todo à disposição de Marquinhos Santos.

Cada um desses ingredientes esteve presente nas análises – profissionais e passionais – da entrada de Lincoln em Bottinelli. Um lance totalmente desnecessário e, sim, violento, de um jogador que dificilmente faz isso com três pontos valendo, o que dirá em um treino. Quantos jogos Lincoln fez pilhado nesse nível? O Atletiba que decidiu o returno do PR-12, o primeiro da final do mesmo torneio, as partidas contra Botafogo e Galo no Couto Pereira, pelo Brasileiro e... fica por aí. Para comentar o desempenho dos times aqui e na 98FM, vou aos treinos sempre que possível. Também não vi essa carga toda em treinamento algum.

Impossível saber o que se passou na cabeça dele antes do lance que quebrou o tornozelo direito de Bottinelli. Exatamente por isso, muitas análises do lance erraram feio a mão. Da lista de ingredientes exposta lá no início do texto, claramente alguns foram mais levados em consideração do que outros. É humano – se, com o perdão do termo, achamos alguém uma "mala", somos mais duros com ele. Mas é acima de tudo injusto. Lincoln deve ser visto como alguém que cometeu um lance irresponsável que teve a pior consequência possível – machucar um colega de time. Não como um oportunista que viu ali a chance de se agarrar à posição de titular, tirando de circulação um "concorrente". Conclusão maldosa, impossível de ser comprovada e inútil, tendo em vista que Bottinelli e o grupo alviverde perdoaram Lincoln.

O melhor remédio para Lincoln é jogar. Na quarta, pisou no gramado em que machucou Bottinelli, ouviu a vaia dos mais exaltados, o apoio dos complacentes, jogou bola. Fez um gol logo de cara como antídoto para perseguições mais ferozes. Da pior maneira, encontrou um potencial ponto de virada para se tornar o jogador que todos esperam e ter bola de titular incontestável. Não ter conseguido isso até agora no Coritiba são os dois únicos pecados de que Lincoln pode ser acusado.

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