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Na teoria, o Coritiba foi ao Maracanã armado para vencer o Botafogo. Meio-campo com potencial para tirar os espaços do adversário e peças de velocidade para explorar o contra-ataque. Na teoria, uma tragédia. O sistema defensivo errou em todos os gols. Mal posicionado, com botes precipitados, como no gol sensacional de Hyuri, e passes errados na origem dos três lances.

As falhas na defesa podem ser corrigidas com conversa e posicionamento. Para a frente, não. Julio César, Bill e Geraldo (fora de Atletiba) têm uma coleção robusta de jogos ruins. Falta qualidade no elenco alviverde. A volta de Robinho e Deivid vai ajudar, mas sempre que tiver de recorrer ao banco, Marquinhos Santos terá problemas. Agora oitavo, o Coritiba está em uma posição condizente com o seu elenco.

Mancini é top

Todos rimos quando descobriu-se que o técnico top prometido por Antônio Lopes era Vagner Mancini. Seu currículo (um título e uma semifinal de Copa do Brasil) e seu salário (respeitáveis, porém não irreais, dois dígitos) não eram de alguém considerado top.

Top era Vanderlei Luxemburgo, cinco títulos brasileiros e meio milhão de reais para pendurar seus ternos no vestiário. Top era Muricy Ramalho, tri brasileiro consecutivo, campeão da Libertadores e outra fileira de zeros à direita para dizer que "aqui é trabalho, meu filho".

Acontece que Mancini tem sido top em algo que Luxemburgo (há no mínimo cinco anos) e Muricy (depois da sapecada do Barcelona) não conseguem mais, que é no trabalho. A arrancada do Atlético torna essa conclusão óbvia, mas há alguns aspectos do trabalho do treinador que fazem esse desempenho ser algo natural.

Mancini arrumou a defesa do Atlético sem recorrer à fórmula usualmente adotada pelos técnicos brasileiros, que é entupir o time de volantes – vide Renato Gaúcho no Grêmio. Ok, fez isso em um primeiro momento, chegando a escalar Bruno Silva e Juninho ou Bruno Silva e Palau. Era um antibiótico forte para curar a peneira em que havia se transformado o sistema defensivo rubro-negro. Mas olhem para o meio de campo escalado contra o Santos, contra o Inter e em vários outros jogos: João Paulo, Zezinho, Everton e Baier.

Todos têm uma capacidade tremenda de criar e atacar. E a consciência de que conseguem marcar o adversário com eficiência ocupando espaços e dando o bote no momento exato. Mesmo Bruno Silva, mais limitado tecnicamente, marca de forma agressiva sem ser violento.

O primeiro gol contra o Santos é uma bela demonstração desse futebol top implementado por Mancini. João Paulo (o primeiro volante) desarma e serve Baier, que lança para Marcelo concluir o serviço. Fosse um brucutu na origem de tudo, o lance acabaria em falta.

O Atlético marca – e joga – respeitando os conceitos que lá atrás fizeram a fama do futebol brasileiro. E que colocam o futebol europeu atual tantos furos acima do praticado por aqui. Um trabalho top.

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