Na última rodada do Brasileiro-02, o Paraná foi a Florianópolis enfrentar o Figueirense em uma situação pior do que a atual. Precisava vencer para seguir na Série A sem depender de outros resultados. Não venceu o jogo acabou 2 a 2 , mas se livrou graças às derrotas de Portuguesa e Palmeiras, estes sim rebaixados. Na redentora festa pela salvação, um torcedor paranista chorava abraçado a uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Cena comovente, clicada com brilhantismo por Antônio Costa, um dos craques do time de fotógrafos da Gazeta do Povo.
Faço este flashback por causa do reencontro dos dois times, hoje, novamente no Orlando Scarpelli. Mas também para lembrar aquela heróica fuga do Tricolor. O time de 2002 era mais fraco do que este talvez um dos piores já montados na Vila Capanema , mas tinha quatro personagens que iriam às últimas conseqüências para não deixar o Paraná cair: o técnico Caio Júnior, o goleiro Marcos, os atacantes Márcio e Maurílio. Todos tinham fortíssima ligação com o clube. Se dispuseram, mesmo com todas as dificuldades a mais notória era o atraso nos salários , a carregar aquela equipe nas costas dentro e fora de campo e a salvar o clube da degola. Conseguiram. E o Paraná segue até hoje na elite do futebol brasileiro.
Pergunto ao leitor: Quem no time atual teria a mesma personalidade do quarteto de 2002 de assumir a responsabilidade de salvar o Tricolor? Os nomes, se vêem à mente, certamente demoram a aparecer, a maioria sem muita convicção.
A equipe atual tem pouca ou nenhuma ligação com o clube. É mais um elenco temporário que o Paraná se dispõe a montar, curiosamente, desde o susto de 2002. A fórmula, é verdade, deu certo na maioria das vezes só em 2004 houve ameaça de rebaixamento , mas os dirigentes sabiam do risco que corriam a cada ano de errar a mão e ver o clube lutar para não cair.
Dando uma olhada no BID paranista, vi que 12 jogadores que estão à disposição de Lori têm o contrato vencendo em 31 de dezembro. É gente que, com rebaixamento ou não, vai seguir a carreira em outros lugares e apagar do currículo um eventual fracasso paranista.
Claro, ainda há tempo para reação. Faltam nove rodadas e a distância do Paraná para o lado de fora da zona de rebaixamento é microscópica. Mas é difícil acreditar em um time que perde duas vezes para o Íbis dos pontos corridos; que tem como porta-voz um jogador que recorre a termos chulos para soltar frases de efeito vazias; e com dirigentes que insistem em deixar para que tudo se resolva no próximo jogo.
Se o Paraná não olhar com urgência para os muitos erros da equipe atual e os acertos do passado recente, provavelmente o mesmo torcedor que emocionou a todos em 2002 vai terminar mais um ano abraçado com a santa. Para pedir um retorno breve à Primeira Divisão.
Retorno
Após um rápido tour pela Europa, Tostão volta a ocupar este espaço que é seu na próxima quarta-feira, para a alegria de todos nós, fãs dos seus comentários precisos, que fogem do entediante lugar-comum.
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