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Organizar visitas guiadas à mente de Juan Ramón Carrasco seria uma forma interessante de ganhar dinheiro. Ok, eu sei que turismo pelo cérebro de terceiros mediante pagamento é coisa da cabeça de Charlie Kaufman, o roteirista do premiado Quero Ser John Malkovich. Mas o uruguaio tem determinadas atitudes que fazem ele parecer muito mais um personagem ficcional do que um técnico de futebol.

Habitar a mente de Carrasco – mesmo que fosse pelos 15 minutos do filme dirigido por Spike Jonze – proporcionaria experiências saborosas, como enxergar um futebol em que é possível atacar e defender com três homens na frente e nenhum brucutu no meio de campo. Também permitiria desvendar alguns mistérios.

Não me refiro apenas à excêntrica entrada de Manoel como centroavante, atitude já explicada pelo técnico – com uma argumentação nada convincente, frise-se. Eu gostaria de saber, por exemplo, por que Harrison é substituído em todos os jogos, se ele é disparado o melhor jogador do Atlético. Por que Paulo Baier é sacado mesmo quando claramente o time precisa dele em campo para vencer com uma bola parada. Ou por que para corrigir um setor sempre é necessário destruir e reconstruir a equipe inteira.

Essas são as curiosidades comuns a jornalistas e torcedores, mas tenho certeza de que alguns jogadores ficariam confortados ao fazer o mesmo tour. A começar pelos citados Baier e Harrison, passando por Pablo, Bruno Costa, Ricardinho... Pensei em citar Federico Nieto e Morro García, mas não precisa de experiência metafísica para descobrir por que é melhor escalar um zagueiro no ataque a recorrer a um dos dois. Jogariam dinheiro fora.

Logo no início do ano, escrevi que Carrasco seria capaz de montar um bom Atlético para a Série B, mas tinha dúvida quanto a ele permanecer no comando até o fim. Imaginava que os métodos pouco ortodoxos de JR entrariam em choque com o pavio curto de Petraglia. Nem precisa. As extravagâncias do treinador – não confundir com a bem-vinda ofensividade ou o espaço que ele dá à molecada da base – são o maior adversário do seu trabalho. Só estando na mente de Carrasco para compreendê-lo.

Na história

Os números colocam, hoje, Emerson e Zambiasi lado a lado na história do Coritiba. Uma distorção que deve ser desfeita em breve. Pois se Zambiasi conquistou a torcida pela raça ilimitada, Emerson tem uma técnica rara para um zagueiro. Consegue anular um adversário sem apelar para faltas e cotovelaços. Se permanecer bastante tempo no Alto da Glória, jogando bem e ganhando títulos, tem condições de disputar posição com Oberdan e Fedato na defesa dos sonhos do torcedor alviverde.

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