A sensação foi de reencontrar um velho amigo que você conhece muito bem, mas não via há muito tempo. O Atlético que passou os três primeiros meses de 2013 enclausurado, esticando o pescoço para fora do CT do Caju somente em amistosos e jogos-treinos, foi o Atlético da Série B do ano passado. Parentesco natural. O técnico e sete jogadores titulares eram os mesmos. A obsessão pela posse de bola, idem. As estocadas de Deivid, o senso de organização de João Paulo, a cobertura incansável de Manoel e os deslocamentos de Marcelo pelos lados do campo também estavam lá. O que não estava no lugar eram o fôlego e o ritmo de jogo do Furacão. E isso fez a diferença no rendimento do time contra o Brasil de Pelotas.
As dificuldades que o Atlético enfrentou contra o Xavante foram típicas de quem não tinha disputado nem um jogo oficial sequer na temporada. Passes imprecisos, erros de tempo de bola e uma queda forte de ritmo no segundo tempo pontuaram a exibição rubro-negra. Seria assim se o time tivesse estreado em janeiro. Seria assim se tivesse estreado em fevereiro, na virada de turno do Estadual. Acabou sendo ontem porque foi esse o caminho escolhido pelo clube para a temporada.
O jogo no Bento Freitas valeu essencialmente por começar a tirar o ferrugem do time atleticano e pela vitória, que deixa a classificação muito bem encaminhada. Em uma lógica contrária à que geralmente é aplicada aos times grandes na Copa do Brasil matar o confronto já na partida de ida para ganhar folga não vale para o Atlético. É bom para esse time fazer o jogo de volta, outra oportunidade de entrar campo à vera.
As duas fases seguintes da Copa do Brasil devem ter efeito similar. América de Natal, Ji-Paraná, Portuguesa, Naviraiense, Paysandu e São Raimundo-RR os possíveis adversários até a entrada dos times da Libertadores são, no máximo, times para exigir mais do Atlético. Uma exigência capaz de levar o Atlético ao seu teto. E esse teto é o futebol da Série B. Ou pouca coisa acima, resultado da boa troca de Henrique por Everton e da evolução natural que os jovens Cleberson e Marcelo devem apresentar ao longo do ano. Para render mais de verdade, precisará de reforços de fato.
A Copa do Brasil permite que um time se saia bem mais pela eficiência do que por ter um futebol interior. O Atlético tem um jogo eficiente especialmente fora de casa, onde invariavelmente faz gol agora, em 12 jogos como visitante sob o comando de Ricardo Drubscky, balançou a rede em 11. Mas em um torneio que terá Atlético-MG, Grêmio, Corinthians e Fluminense entrando nas fases mais agudas, a qualidade será fundamental para sonhar com a taça.
Deixe sua opinião