É inevitável a ressaca atleticana após o vice-campeonato da Copa do Brasil. Cair na final é mais doloroso do que ser eliminado nas fases anteriores. A sensação de ter o título nas mãos e vê-lo ficar com o adversário no último confronto é muito mais difícil de assimilar. Por isso, é importante separar tudo o que o Atlético fez no ano daquilo que aconteceu na final.
Na soma dos dois jogos, o Atlético foi inferior ao Flamengo. De 180 minutos, dominou os 15 iniciais na Vila Capanema e os dez iniciais no Maracanã, só. O time olhou o Flamengo de baixo para cima, com um sentimento que nem mesmo a equipe carioca nutria. Todos no Ninho do Urubu viam a decisão como um duelo de iguais. Esse foi o Atlético da decisão. Abaixo do esperado, com lições para serem estudadas.
Reflexo de um elenco com poucas opções em determinadas funções. Na lateral-direita, por exemplo, Jonas não disputou nem um minuto sequer da final. Mancini preferiu improvisar um volante e um zagueiro. Prova incontestável de falta de confiança em Jonas para o que os jogos pediam. No meio, não havia um jogador de transição rápida como Everton. São furos que determinaram a derrota, mas que devem ser relativizados. O Atlético acabou de voltar da Série B. É um elenco montado, inicialmente, para não cair e que deu muito mais que o esperado. Esse é o ponto a ser destacado nas duas próximas rodadas do Brasileiro.
O Atlético da campanha inteira da Copa do Brasil e do Brasileiro é outro. Rápido, envolvente, intenso, jogando sempre no limite, a única maneira que esse time consegue render, como bem sabe o próprio Mancini. Essa combinação fez o Atlético chegar à final da Copa do Brasil e pular da lanterna para a vice-liderança do Brasileiro. É essa caminhada que o time deve retomar a partir de domingo, contra o Santos. O foco obrigatório do trabalho. Esquecer o tropeço final, concentrar-se na caminhada toda que levou o time à porta da Libertadores. Agindo dessa maneira, o vice-campeonato virá naturalmente.
Torcida
Não é fácil, em 7 mil pessoas, gritar mais alto que 60 mil. A torcida do Atlético conseguiu. Mesmo posicionado na tribuna de imprensa imediatamente acima dos flamenguistas, houve momentos em que era possível ouvir plenamente o grito dos rubro-negros do Paraná. Uma festa belíssima, que começou já no domingo, quando as primeiras camisas do Atlético começaram a pipocar pelo Rio. Foi se intensificando na segunda e na terça, até atingir o ápice na quarta. O sol tipicamente carioca ajudou e a espera da final foi na praia. Copacabana ficou ainda mais rubro-negra do que de costume, porém com um sotaque diferente, com os érres mais puxados e menos cantados. Mesmo sem a taça, a torcida do Atlético foi vitoriosa. Todos os 7 mil que estiveram no Rio terão história para contar pela vida inteira.
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