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"Time da cachaça" foi a primeira frase de ordem que se ouviu da torcida do Coritiba na porta do vestiário do Couto Pereira, após o jogo contra o São Raimundo. O grito já estava na boca do povo nas arquibancadas e rapidamente tomou os grupos de discussão da internet. Ontem pela manhã já pipocavam no mundo virtual listas com nomes de atletas e suas casas noturnas preferidas em Curitiba, tudo testemunhado pelos internautas, parentes, amigos ou conhecidos.

A crítica à vida noturna dos jogadores é recorrente, e nem de longe é uma exclusividade dos coxas-brancas. Há duas semanas, integrantes da Fúria Independente foram ao Pinheirão cobrar os atletas pela má fase, imediatamente associada às suspostas baladas. O protesto acabou em troca de socos e pontapés entre "organizados" e o atacante Zumbi. Meses atrás, a Fanáticos lançou o Disk-Gandaia, para patrulhar o elenco atleticano. Mudaram só as cores e os personagens, a cantilena é a mesma.

Não vou me aprofundar no lugar-comum de que mesmo atletas profissionais, que dependem do corpo são para fazer seu trabalho, têm o direito de se divertir da maneira que acharem mais adequada. Os próprios torcedores têm essa noção. Caso contrário não dariam tapinhas nas costas, tirariam foto ou pediriam autógrafo aos seus ídolos na noite quando o time está em boa fase. Como se as vitórias anulassem os efeitos nocivos que a bebida ou o sono inadequado provocam no organismo.

O problema do Coritiba não é balada. O problema do Coritiba é técnico. O time tem deficiências. Desde o começo do ano sofre para criar jogadas pelas laterais porque seus alas são limitados – e isso é um problema gravíssimo numa competição em que jogar pelos lados é quase sempre a única maneira de furar retrancas.

A defesa tem um problema crônico de posicionamento, sofre um gol de cabeça atrás do outro. Individualmente, Henrique, Marcelo Batatais e Índio são bons. Juntos – ou combinados a Peruíbe ou Egídio recuados – não funcionam. O meio-de-campo depende da boa vontade de Jackson e Cristian. E o ataque, desde a contusão de Keirrison, não tem um centroavante confiável. Culpa da diretoria, que montou um grupo frágil, mas também de Paulo Bonamigo.

Excelente na sua primeira passagem pelo Coritiba, quando levou o time à Libertadores, o treinador paga pela sua teimosia. É teimoso ao insistir em jogadores como Ricardinho e Jackson e ao tentar a qualquer custo reproduzir o esquema tático de 2003, sendo que Peruíbe e Egídio não têm vocação para ser um novo Reginaldo Nascimento. Para completar, virou refém de William no ataque, já que "coincidentemente" Alberto e Jefferson se machucaram depois de serem sacados no time.

Bona precisa encontrar rapidamente uma nova forma de fazer o time jogar. Só assim – e com o comprometimento dos jogadores – conseguirá cumprir a missão para a qual é a pessoa mais indicada: reconduzir o Coxa à Série A.

O colunista Carneiro Neto está de férias.

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