O projeto para o futebol que elegeu a atual diretoria do Coritiba foi enterrado com a demissão de Marquinhos Santos. A ideia toda, frise-se, já estava moribunda. João Paulo Medina, o cabeça disso tudo, saiu. A promessa de contratações pontuais foi trocada por reforços chegando de baciada – e vem mais por aí. E parte desses reforços de baciada veio para esquentar banco, tirando espaço das promessas da casa. Vide Leandro Silva, Fabrício Baiano, Rodolfo e Giva, só para citar alguns casos. Bonfim, Ceará, Ícaro, Dudu, Zé Rafael e Douglas perdem espaço quando o clube se entope de gente para “compor o elenco”.
O caso de Marquinhos acaba sendo o mais gritante. O clube anunciou com orgulho a renovação do treinador por dois anos. Quem assume um compromisso de 24 meses, na teoria, passa o recado de que muda o referencial de análise dos resultados. Tira do técnico a necessidade de salvar o emprego a cada 90 minutos. Na prática, o Coritiba permite a dedução de que renovou com Marquinhos por dois anos para surfar no bom momento do treinador, em alta com a torcida pela permanência alviverde na Série A. Jogou para a torcida.
Como também joga para a torcida agora. Surfa na impopularidade do treinador. Troca a coragem de bancar a aposta de longo prazo pela comodidade de atender o apelo (nem sempre educado) das redes sociais. E evita o estresse olho no olho que manter Marquinhos provocaria na reunião do Conselho Deliberativo.
Ney Franco reforça esse “jogar para a torcida”. Tem história no clube. Remontou o Coritiba em um dos momentos mais delicados da história do clube. Saiu de um rebaixamento traumático para a volta à Série A e para fincar as bases de uma hegemonia estadual. Esse histórico fará a torcida um pouco mais tolerante que com um estreante no clube. Especialmente porque o elenco está ganhando mais opções e – é do ser humano – todo mundo gosta de mostrar serviço para chefe novo. Ou seja, a lógica indica uma subida imediata.
Na prática, Ney será um escudo da diretoria, que andava na linha de tiro por causa da perda do Estadual e do começo ruim no Brasileiro. Lembra muito a troca feita logo após o Paranaense de 2009, quando o clube mandou embora Ivo Wortmann para resgatar René Simões. A arremetida inicial levou à semifinal da Copa do Brasil um elenco cheio de problemas que se esborrachou no Brasileiro.
Isso não quer dizer que a história agora terá o mesmo final. Mas deixa claro que o Coritiba escolheu seguir a velha estrada do futebol brasileiro. Aquela em que o primeiro a pagar o pato quando o resultado não vem é o técnico, aquela em que erros de formação do elenco são mascarados pela velha ladainha do azar, do time não encaixou, do precisamos de um fato novo. Com Ney Franco, o Coritiba busca um recomeço. Mas seguindo a lógica mais velha possível.
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