É uma frigideira de jogadores. A definição é de um amigo meu, atleticano, inconformado com o sucesso de alguns que passaram pelo clube sem sucesso e que hoje brilham lá fora, em outras agremiações.
A conversa surgiu entre os rubro-negros presentes ao jantar da Mesa Real, uma confraria curitibana, na última segunda-feira. E foi alimentando a comparação entre o desempenho de ex-integrantes do clube em outras plagas, no país ou fora dele. E a discussão acalorada começou entre os que apoiavam a contratação de Morro García e os que entendem ser um investimento sem retorno para o Atlético.
E aí foram surgindo exemplos de jogadores de apagadas passagens por aqui, devidamente envolvidos em processos de fritura. Jorge Henrique, hoje ídolo no Corinthians; Willian, atacante no mesmo Corinthians; Anderson Aquino, que está bem no Coritiba; Wallyson, astro do Cruzeiro (momentaneamente lesionado), do qual falam até em seleção brasileira; Dinei, titular do Palmeiras; Dayro Moreno, destaque da seleção colombiana na Copa América... E assim por diante, apenas para enumerar alguns dos citados.
E aí as duas alas conflitantes chegaram a um consenso: falta de paciência. O exemplo de García é emblemático. Menino ainda, mal teve tempo para absorver a nova situação de vida, em um país com idioma e costume diferentes, e já foi escalado como titular de uma equipe em fase de desespero pelo aperto das últimas colocações. Por mais que viesse respaldado por duas temporadas como artilheiro do campeonato de sua terra, teria primeiro de superar as adversidades naturais de quem se aventura em solo estranho para daí começar a render o que sabe e pode.
O uruguaio não contou com essa blindagem e não resistiu à rude exposição aos tantos problemas de um time instável e desencontrado. Capitulou. E agora terá de passar por um período de recondicionamento geral até se descobrir novamente forte para fazer gols.
García, tanto quanto os citados anteriormente, não era o "salvador da pátria" e nem tinha atributos para tanto. Na hora ruim é sempre interessante entregar o time a veteranos, que não se deixam abalar por percalços e escorregões. O exemplo mais recente: Cléber Santana, que de criticado e contestado em suas primeiras apresentações (também foi lançado como titular precipitadamente, ainda sem ritmo de jogo) passa a ser considerado peça indispensável no meio de campo atleticano.
Jogador jovem, por mais promissor e talentoso que seja, só deve ser escalado na boa, quando a equipe está equilibrada e sob controle técnico. Também nesse caso o exemplo vem do próprio Atlético: Kleberson, em 2001. Por mais menino que fosse, não sentiu nada entrar como mais um componente de um grupo que já vinha jogando e dividindo responsabilidades. Resultado: além de campeão brasileiro, foi convocado e pela seleção, como titular, festejou o Mundial de 2002.
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