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Fazia tempo que não eram vividos dias assim no futebol paranaense. O confronto entre capital e interior sempre foi saudável e teve momentos memoráveis em décadas passadas, quando a proximidade técnica entre as partes provocava grandes disputas pelas primeiras colocações na classificação. Time de Curitiba que conseguia buscar pontos em Londrina, Bandeirantes ou Maringá era reverenciado, pois ali o favoritismo era sempre do mandante.

As mudanças de estrutura no futebol brasileiro contribuíram para o esvaziamento dos propósitos em muita cidade interiorana. Pelo menos por aqui, pois São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais continuam dando exemplo de grande em suas competições estaduais. Sim, claro, houve muita incompetência e hoje não é possível admitir Maringá, por exemplo, sem um time na primeira divisão paranaense.

Mesmo o Londrina, que já chegou entre os quatro melhores do país, passou por imensas dificuldades, de mão em mão entre alguns aventureiros. E com isso afastou sua torcida, sempre presente e sempre vibrante, em troca do retorno aos clubes paulistas, que têm fácil difusão e influência na região.

Com o retorno do time à boa – e até o direito de poder utilizar, com orgulho, o codinome "Tubarão" –, começaram a regressar à lida também os torcedores exibindo a bela camisa do representante da cidade.

E o que se sente no ar é clima de decisão. Os londrinenses dispararam na frente, tiveram um enrosco no meio do caminho, mas retomaram o embalo, chegando apenas um ponto atrás do Coritiba na classificação. Desvantagem que uma vitória domingo pode reverter e há condições para isso, embora não tenha como se esconder o favoritismo coxa.

O Coritiba é mais equilibrado, tem mais recursos técnicos e mais peças de reposição. Mais ainda: a vantagem de poder empatar. Pode até sentir a ausência de Deivid, mas da última vez que ficou fora foi substituído por Júlio César, que marcou quatro gols. Ao que tudo indica será a única baixa.

Os anfitriões não terão Wendell, mas todos os demais titulares estarão presentes em campo. Inclusive Celsinho, que surgiu fulminante na temporada, apagou o facho por alguns jogos e parece estar novamente equilibrado para exibir a boa técnica e a voluntariedade que costuma levar aos jogos. Razões mais que suficientes para antevermos um bom momento de decisão, como não vivíamos há um bom tempo.

Pena que os torcedores locais sejam induzidos à paranoia da conspiração, segundo a qual "a arbitragem é comprometida com os clubes da capital, a federação protege a campanha dos times grandes e a imprensa curitibana está afinada com os interesses que sempre visam prejudicar a sua agremiação". Não fosse isso e o clima seria perfeito para a grandeza dessa final de turno.

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