Choque de gestão. Os empresários e os economistas gostam muito dessa expressão. Representa o rompimento com as estruturas, com o modelo padrão, com os vícios administrativos que costumam comprometer a harmonia de uma instituição.

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Choque de gestão deve ser a palavra de ordem de Rubens Boh­­len, o novo presidente do Paraná Clu­­be, eleito ontem para a difícil mis­­são de tirar a agremiação do bu­­raco em que se encontra. Não o ti­­me (que também perambula por al­­guns buracos e costuma se debater para sair), mas o clube, que em pou­­cos anos passou de um modelo rentável para um caos generalizado, totalmente dependente dos humores do futebol.

As duas chapas concorrentes prometiam revoluções e novos horizontes. Para o futebol e para o social, embora este setor tenha sido praticamente esvaziado nos últimos anos. Para quem (ainda como Pinheiros) vinha de 25 mil sócios pagantes e hoje enfrenta a penúria por falta de fundos, muito há de ser feito para que as coisas pelo menos tomem um rumo racional e equilibrado a partir da virada do ano.

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No início funcionava assim. Nascido gigante – conforme ressalta o hino –, cresceu muito rápido e mais rapidamente ainda tomou conta do futebol paranaense. Bicampeão, campeão de Segunda Divisão nacional, pentacampeão... Os títulos vinham às pencas, favorecendo uma tomada de posição de seus dirigentes em prol do futebol sobre os demais setores do clube. E o mesmo turbilhão que provocou a paixão de novos torcedores contribuiu para o afastamento dos sócios, por não mais encontrarem o mesmo respaldo em suas atividades.

Até que veio o delírio da contratação de Vanderlei Luxemburgo e alguns outros secundários a se­­guir. Desde então o Paraná Clube nunca mais foi o mesmo, apesar de um leve insight naquela classificação para a Copa Liberta­­dores da América – mas no peito e na raça, na força da comissão técnica e dos jogadores.

Os novos dirigentes tricolores precisam assimilar a atual realidade, o novo status do clube. O gigante ficou para o conceito, para as glórias dos primeiros tempos – pelas quais está pagando até agora. O Paraná Clube não tem mais a mesma dimensão e o erro dos últimos anos foi tentar mantê-lo assim, pelo menos na mentalidade dos seus comandantes.

O recomeço sempre é salutar e se a proposta da diretoria eleita ontem for justamente um novo marco zero, terá encontrado o caminho. E já que perdeu a chance de recuperar as benesses financeiras da Primeira Divisão, terá de se adequar ao que a sua receita produz, sem desvios românticos atropelados por derrotas ou desvarios de grandeza, incompatíveis com os escassos dias de hoje no viés do futebol profissional.

Um choque de gestão bem dado pode ser o recomeço que já deveria ter vindo há algum tempo.

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