A primeira missão do técnico Tite foi cumprida com galhardia. Conseguiu fazer a seleção brasileira de futebol se apresentar com seriedade, objetividade e focada na busca do melhor resultado.
A folgada vitória por 3 a 0 sobre o Equador, em Quito, foi um bom atestado de boas-vindas ao novo treinador do escrete nacional. Porque, até então, antes de a bola rolar, os anfitriões eram tidos como favoritos. Por estarem na ponta de cima da classificação, realizando boa campanha e também por contarem com o reforço da altitude, que já começa a atacar o psicológico do atleta antes mesmo de seguir viagem para lá.
E tudo isso foi superado. Priorizando o conjunto, o agrupamento dos jogadores e as jogadas de triangulação, Tite conseguiu fazer com que sua equipe saísse a contento acima dos dois quesitos. Livrou o favoritismo com maior posse de bola e armação de jogadas conscientes. E administrou os efeitos da altitude ao controlar o jogo e conter desnecessárias ações de velocidade.
Mas ainda há um fator a ser administrado e que sempre atrapalha o futebol brasileiro: a soberba. A história recente tem provado que bastam algumas boas exibições para que o deslumbre de nossos jogadores se torne insuportável, refletindo em campo com firulas desnecessárias, tentativas vãs de jogadas de efeito e outros itens que em nada contribuem para o sucesso do conjunto.
E a consequência disso tem sido esses anos todos em jejum, já não mais apenas aplaudindo os principais concorrentes, mas, em alguns casos, sofrendo derrotas e goleadas acachapantes destes.
Amanhã, em Manaus, tem o jogo contra a Colômbia, que também está acima do Brasil na classificação e vem de bom resultado. E aí será o momento de saber como o treinador está trabalhando a cabeça do grupo, se entrará em campo repetindo a concentração, a disciplina e a sobriedade apresentada em Quito ou se permitirá escapar em alguns devaneios técnicos.
Porque há momentos e momentos de utilizar recursos diferenciados. Como fez Gabriel Jesus no segundo gol de quinta-feira, quebrando o goleiro pela iniciativa inesperada, a ponto de levar a bola por debaixo das pernas. E não como tentou Neymar na final da Olimpíada, com aquela desnecessária e provocante lambreta (que não deu certo) contra os alemães.
O carisma de Tite e o bom placar na estreia parecem ter devolvido ao brasileiro parte do interesse pelo futebol da seleção, que parecia ter sido sepultado após o debacle do Mineirão no Mundial. De outra boa atuação amanhã depende para o torcedor soltar de vez as amarras e abraçar novamente sua paixão pelo futebol.
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