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Antes do jogo, o técnico de Honduras – talvez entusiasmado por ter desclassificado a Argentina – arriscou provocar. “Pode ter outro Maracanaço” – declarou. Pois sim. Primeiro que essa história de se referir à final da Copa de 1950 já não pega mais. Grande parte dos brasileiros nem havia nascido e não dá muita importância ao fato, já esgotado, inclusive, por outros resultados importantes devolvidos pela seleção brasileira.

Além disso, porque, aos 14 segundos o garganteio do treinador colombiano começou a desmoronar, com o gol marcado por Neymar, que quebrou toda a estrutura tática dos hondurenhos. Sim, pois é de se acreditar que o esquema de jogo determinava um time fechado em campo, tentando eliminar os espaços dos brasileiros e na espera de poder aproveitar um descuido para gol de contra-ataque.

O gol recorde de Neymar (o mais rápido de todas as Olimpíadas) quebrou tudo isso e forçou Honduras a se abrir um pouco, para tentar alguma coisa na frente. Só um pouco e foi suficiente para virem os segundo e terceiro gols, garantindo a vitória logo de pronto e incentivando o toque de bola verde-amarelo.

E aí, para evitar vexame maior, o time hondurenho se fechou ainda mais, deu algumas pancadas e nem assim conseguiu deixar de receber o seu próprio “maracanaço”: 6 a 0, com folga, brilho e ostentação.

Porque não foi uma vitória do acaso e sim construída a partir do empenho dos jogadores, que, craques como são, entenderam não ser suficiente apenas entrar em campo e fazer algumas firulas para obter o melhor. Os dois primeiros resultados da campanha olímpica – enfadonhos e irritantes 0 a 0 – despertaram o grupo a partir da terceira jornada e a goleada sobre a Dinamarca já apontava uma seleção brasileira com outro foco, confirmado dias depois no triunfo sobre os colombianos.

Ontem o time passou de passagem, ainda mesmo se dando ao direito de tirar o pé em lances mais agudos, poupando energias para a grande final de sábado, contra a Alemanha, novamente no Maracanã.

E que ninguém me venha com a conversa do 7 a 1 ou de possível vingança à honra nacional. Olimpíada é outra história. E aí o confronto com os alemães é equilibrado, com uma vitória para cada parte. E um título olímpico, cá entre nós, tem peso muito maior do que uma eliminação em partida de semifinal de Copa do Mundo. Seria o mesmo que ficar, como o técnico da Honduras, ressuscitando o “maracanaço” ou outros tabus já expirados.

A Alemanha passou bem pela Nigéria, é um adversário perigoso pela tradição e pelo futebol consistente que aplica. Mas as boas exibições brasileiras nas partidas mais recentes credenciam o escrete nacional a disputar uma medalha de ouro, principalmente se mantiverem a roubada de bola, a velocidade de ataque e os recursos individuais que finalmente afloraram na competição.

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