Deu certo? Então muda. Esse tem sido o lema da cartolagem no futebol brasileiro. Não é de agora, é de sempre. Mas os tempos antigos ainda permitiam, por circunstâncias da época, esse tipo de ingerência tão danoso ao esporte nacional. O dirigente esportivo se eternizava no poder e a imagem do tal esporte se confundia com a dele, como se não houvesse vida longe dali.
Os anos mais recentes se encarregaram de ceifar boa parte desses personagens, que não conseguiram se enquadrar às cobranças da modernidade ou dos novos conceitos sociais. Mas os cartolas continuam influindo, sempre negativamente, nas decisões mais importantes do meio, principalmente no futebol. Nas fórmulas de campeonatos, por exemplo. Se dependesse de boa parte deles estaríamos novamente vivendo aquelas elucubrações nada justas, que beneficiavam os mais fracos em detrimento aos mais fortes, “para dar maior emoção e equilíbrio ao campeonato” – conforme insistem em justificar. Já tivemos algumas edições – e quem não se lembra ? – nas quais o mesmo time conquistava o primeiro turno, o segundo turno e ainda tinha de ir para um quadrangular com demais três primeiros, no máximo com a vantagem de um ponto ou algo assim. E aí, num momento ruim, depois de passar a temporada inteira bombando, perdia o título. E o que era pior: o mesmo cartola das “brilhantes” ideias, mandava o técnico embora, por não ter conseguido ser campeão.
No campeonato brasileiro os pontos corridos sobrevivem, apesar de toda campanha contra de quem acha mais espetacular poder haver decisão entre primeiro e oitavo colocados, por exemplo. Nas quais, até pelo embalo da classificação na última hora, os oitavos chegam motivados e detonam os melhores classificados. Não foi assim com o Santos de 2002, o time que revelou Diego e Robinho? Por uma bobagem do Coritiba, em inexplicável derrota em Brasília, classificou-se entre os oito e dali em diante, com competência, diga-se, chegou ao título.
A mais recente cartolada deu-se dias atrás, no Congresso Técnico da CBF, sugerindo o veto do gramado sintético da Baixada a partir do ano que vem. Proposta de quem? De Eurico Miranda, presidente do Vasco, símbolo maior de tudo o que foi escrito ali em cima. E que só visa os interesses próprios ou de seu clube – embora o Vasco, então na segunda divisão, jamais tenha jogado em tal piso. E o que mais impressiona: a força que ele tem, por mais retrógrado que seja. Lançou duas propostas e foi atendido em ambas. Porque o gramado de São Januário é ruim, não quer grama sintética. Porque o Vasco tem estádio próprio, não quer que seus rivais diretos mandem jogos fora do estado do Rio.
E assim vai o futebol brasileiro, nivelando por baixo. Gramado sintético é bom e o que temos de grama natural é ruim na maioria das praças, que se tire o melhor exemplo, para que todos possam conviver com buracos e terrões em toda parte.
O Atlético promete reagir, lutar na justiça. Será luta inglória, mas deve ir em frente, a defender a modernidade que implantou e que só não é reconhecida pela inveja alheia.
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