Pois é, não é hora de co­­bran­­ça, mas o Coritiba tinha todas as ferramentas para chegar ao ataque. Defender não é o ofício desse time que fez a impecável campanha no início da temporada nacional. Mas aí o time teve uma inspiração atleticana e entrou com três volantes para tentar chegar ao título.

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Não deu certo, é claro, e aí o técnico teve de mexer ainda no primeiro tempo para tentar recuperar o estilo de jogo do time que vinha tão bem na temporada. O Coxa de outros jogos certamente não seria assim, tão atrás, à espera do adversário.

Não teria sido o caso de Marcos Aurélio iniciar jogando? Por mim, seria. Quando entrou, tornou-se figurante. E ele é bem mais que isso.

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Bem, o Coritiba ganhou, mas não levou. Ainda assim, foi finalista, decidiu o título e dá para encaixar na projeção do time que até meses atrás era humilhado por ter sido mais uma vez rebaixado na divisão nacional.

A receita do sucesso

A grande vitória já tinha sido conquistada antes mesmo da decisão de ontem, fosse qual fosse o resultado. Não dentro de campo e sim fora dele, com a arregimentação de mais de 30 mil associados para o Coritiba. Claro que refletindo o sucesso da equipe em suas jornadas, mas ainda muito mais do que isso: o reflexo de um trabalho planejado e executado com invejável gestão por aqueles que hoje comandam o clube.

O exemplo veio do Sul, com o êxito do Inter nas conquistas internacionais. A diretoria soube muito bem explorar o sentimento de orgulho de toda uma nação campeã para carregar essa pura energia para um retorno financeiro aos cofres da agremiação. Oferecendo vantagens aos que se inscreviam ao mesmo tempo em que valorizavam além dos limites imagináveis os ingressos avulsos para os jogos dos colorados. E quando o torcedor percebeu ser mais vantagem se associar do que ir a algumas partidas pingadas, estava estabelecida uma nova relação de fidelidade entre as partes. Tanto que hoje o Inter (depois seguido pelo Grêmio, na mesma esteira) possui mais associados do que a capacidade de público que o Beira-Rio aceita, surgindo uma segunda etapa na classificação dos sócios, a dos preferenciais.

O Atlético teve bons resultados em sua empreitada pioneira no estado do Paraná. Mas andou perdendo alguns associados nos últimos tempos, desiludidos pela sequência de maus resultados obtidos em campo. E como esses clubes oferecem basicamente um único produto, o futebol, qualquer queda de rendimento pode acarretar em recuo na relação entre torcida e clube – caso não haja uma boa administração também para os momentos de crise.

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O Coritiba, de seu lado, só cresce. Desde aquele fatídico e dolorido momento da tumultuada queda à Segunda Divisão nacional. O castigo, duro e pesado, só alimentou a força de reação proposta por seus dirigentes, que estabeleceram metas de crescimento a serem cumpridas, nas quais incluíam a decisiva participação popular.

E hoje os mais de 30 mil associados participativos contribuem para uma interessante receita mensal, que permite manter em casa jogadores de primeiro nível e investir em novos talentos.