Inimigo na trincheira

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No fundo do fundo parece estar a torcida do Atlético, anestesiada. Tirando al­­guns arroubos da torcida organizada em visitas intimidadoras (que, comprovadamente, nada resolvem e só agravam um ambiente de muita tensão), a torcida rubro-negra parece estar conformada com a situação triste em que seu time se encontra.

Se não conformada, resignada, por não sentir qualquer iniciativa mais aguda de seus dirigentes rumo a um futuro melhor. Dirigentes em todos os espectros, situação e oposição, pois o que se assimila hoje do ambiente do clube é uma divisão maléfica de interesses que só trabalham contra os próprios propósitos.

Campanhas arquitetadas de fora para dentro já provocaram de­­missões de dirigentes, treinadores e marcação sobre determinados jogadores. Campanhas essas alimentadas por alguns torcedores arregimentados por um ideal que nem sabem direito de que se trata e acham importante contestar e de­­sunir. Quanto pior, melhor – deve ser o lema. E aí, de dentro para fora, também se encontra o mesmo belicismo, deixando de lado questões importantes para priorizar o confronto de vaidades.

E, lá no campo, tudo de ruim, absorvendo energia negativa da rotina diária do clube. Não há como se obter sucesso com uma base frágil e de estruturas comprometidas. O Atlético está novamente à procura de um treinador, pois Adilson Batista não conseguiu resolver as questões da bola rolando. Fala-se em Cuca, tanto quanto Adilson, atleticano de criação e coração. Do jeito como as coisas estão, seria uma fria.

O Atlético precisa, sim, é de paz, de convivência harmoniosa entre as partes. Precisa estar acima das vaidades e das prioridades pessoais, pois, pelo que se observa, o maior ini­­migo está dentro da própria trincheira. E aí poderia realmente co­­meçar do zero (ou do um), enquanto o Campeonato Brasileiro ainda permite.

Desvio de rota

A situação do Coritiba também não é confortável. A derrota de sábado à noite para o Cruzeiro empurrou o time para a zona de rebaixamento. O time peca ainda pelas consequências da admirável campanha dos primeiros me­­ses do ano e hoje al­­guns jogadores estão virando o fio.

Mas, ao contrário do Atlético, o Coxa parece estar equilibrado e pronto para a recuperação, o que deve ocorrer nas partidas seguidas que fará em casa. Acredita-se ser tudo uma questão de tempo para o reajuste das peças, uma desagradável fase de turbulência em um voo de cruzeiro (sem qualquer trocadilho, é claro).

Na boa

Enquanto isso, a torcida do Pa­­raná se diverte. Para quem se imaginava no inferno, o passeio pelo paraíso de uma liderança dividida é inebriante, apesar do pé atrás daqueles que se recordam de cam­­panha semelhante no início da Série B do ano passado.