Primeiro foi Nikão. Parecia câimbra, mas puxou a perna. Depois, Giovani (palavra que nunca vou conseguir saber escrever essas variações de nomes de jogadores de futebol), com uma torção de tornozelo. E o Atlético sofreu para manter o resultado de vitória contra o último colocado.

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Era como se estivesse com dois a menos, já que não havia mais como retirá-los de campo, pois as alterações regulamentares haviam sido feitas. Foi um sufoco, mas a vitória veio e a combinação dos resultados de domingo permitiu a boa colocação, entre os primeiros colocados do Brasileiro.

Mas na hora do jogo pensei nos argumentos insistentemente utilizados pelo técnico Paulo Autuori e no rodízio de titulares que tem utilizado (com sucesso, diga-se). Por conta da utilização das datas para outros eventos, as rodadas foram apertadas em duas vezes por semana e aí a maratona apertou.

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Cada vez que esse tema entra em discussão, vem alguém e diz: na Europa também é assim e lá os clubes campeões têm um calendário apertado. Sim, verdade. Melhor, meia verdade. O calendário é realmente apertado, com copas, campeonatos nacionais e torneios internacionais, que dividem as datas em rigorosas duas partidas a cada semana.

Mas aí tem um ponto de diferença a ser considerado: as viagens. E é, acredito, onde se apegam Autuori e todos os treinadores que reclamam da pressão dos jogos seguidos. Viajar de Barcelona a Paris, por exemplo, requer apenas algumas horas de trem, no qual há livre circulação, descanso, alimentação e repouso. Sem traumas de espera em aeroporto, translado ou o que seja. Uma viagem até mais longe que isso é rara e, exceto contra um adversário da Rússia, digamos, a exigir mais tempo e avião, as demais são todas mais próximas e mais tranquilas. Quase todas de trem.

E é aí que pesa a diferença, pois, infelizmente, no Brasil não dispomos de linhas férreas para transporte de passageiros. Foi a opção que fizemos nos anos 60, quando atraímos as primeiras fábricas de automóveis para cá. E, além disso, as distâncias entre cidades integrantes dos campeonatos (ou copas) nacionais são continentais. Manaus, Belém, São Luís, Fortaleza, Natal... para os clubes do Sul – e vice-versa - são verdadeiras epopeias a impedir qualquer possibilidade de treino intermediário entre uma partida e outra.

Por isso, quando um treinador reclamar do calendário, aceite e entenda. Ele, invariavelmente, está certo. É desgastante, torturante, obrigando os jogadores a sacrifícios além de conta. E ainda sujeitos e ouvir desaforos de torcedores inconformados com más performances por conta desses desgastes.

Não fossem os interesses menores de federações em manterem seus nichos eleitorais, tudo já poderia estar resolvido. Mas não é assim que funciona e Autuori, tanto quanto outros, continuará protestando para o vazio, enquanto o futebol mergulha nessa crise técnica que nos assola há um bom tempo.

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